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17 dezembro 2023

ana merino

 
Carta de un náufrago
 
Con el consentimiento de la nieve
caminaré despacio.
 
Alguien habrá que espere junto al fuego
y yo, que estaré ciega por el frío,
haré paradas breves,
sacudiré el paraguas y empezaré de nuevo.
 
El único secreto es no sentirse
inmensamente lleno de verdades.
No aceptar nunca las invitaciones
que la neblina
sugiere al anidar con sus disfraces
de paisaje feliz, de grandes sueños.
 
Alguien habrá que diga, se ha perdido,
alguien saldrá a buscarme,
y llevará el calor de una botella
donde podré mandarte este mensaje.
 
 
 
  
Carta de um náufrago
 
Com o consentimento da neve
caminharei devagar.
 
Alguém terá de esperar junto ao fogo
e eu, que estarei cega pelo frio,
farei paragens curtas,
sacudirei o guarda-chuva e começarei de novo.
 
O único segredo é não se sentir
imensamente cheio de verdades.
Nunca aceitar os convites
que a neblina
sugere ao ninho com os seus disfarces
de paisagem feliz, de grandes sonhos.
 
Haverá alguém que diga, perdeu-se,
alguém virá procurar-me,
e levará o calor de uma garrafa
onde te poderei enviar esta mensagem.