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15 abril 2023

estefanía soto

 

Los domingos me aprietan los zapatos


Ahora que el miedo se disfraza de torres altas

a las que se debe abrazar sin desvelar cómo.

Ahora que el silencio son dos perros que callaron

de pronto, en mitad de la noche.

Sin motivo aparente.

Ahora que el dobladillo del corazón se quedó largo

por expectativas que ya rozan el suelo.

Sin llegar a tocarlo.

Ahora que este calor nos aprieta – como los zapatos –,

y no espera al invierno.

Ahora que el atardecer tiene prisa

por encontrar la noche,

ahora que el Sur es más Sur que nunca.

Ahora es cuando la libertad sabe a poco y el futuro

se viste de eterno bochorno para ser siempre verano.




Aos domingos apertam-me os sapatos


Agora que o medo se disfarça em torres altas

às quaus se tem de abraçar sem revelar como.

Agora que o silêncio são dois cães que se calaram

de repente, a meio da noite.

Sem nenhuma razão aparente.

Agora que a bainha do coração ficou comprida

por expectativas que já roçam o chão.

Sem o chegar a tocar.

Agora que este calor nos aperta - como os sapatos -,

e não espera pelo inverno.

Agora que o entardecer tem pressa

de encontrar a noite,

agora que o Sul é mais Sul que nunca.

Agora é quando a liberdade sabe a pouco e o futuro

se veste de eterna vergonha para ser sempre verão.