Mostrar mensagens com a etiqueta melina sarahid garcía. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta melina sarahid garcía. Mostrar todas as mensagens

20 junho 2023

melina sarahid garcía

 
El hambre es mi única patria
 
Crecí entre bestias, salía cada mañana vigilante, cautelosa del acero de la guerra caminaba entre las hileras de casas de madera agujereadas de balas
veía a las putas, ya canosas, sentadas en las mecedoras, trenzando la melena a sus nietas
el aire polvoso sacudía los cadáveres bajo los puentes, y por las noches me arruyaba el toque de queda…
otra paz no conozco
sigo rasguñando piedras aunque agotada
cansa la farsa, cansa la impotencia, me harta la ficción de amar la deuda de cada día
Me avergüenza vivir cuando escucho el grito de la diáspora: HAMBRE
Me enfurece la carcajada del genocida, me asusta el sonido de las perlas al chocar
Harta de los ríos de aceite que humedece las avenidas
Adolezco de los sueños chiquitos como mendrugo de pan
Me canso de caminar sobre cráneos vacíos
De errar, de intentar remar contra corriente, sin eficacia, me canso
De apostar a las palabras transparentes muero
No creo ya que anide ruiseñor en el árbol atravesado por el rayo
Sola canto para mi, todavía quiero caminar entre nubes o perseguir  los destellos de las luciérnagas bajo la ceiba
De la memoria de mi carne crezcan jazmines y se haga festín para gusanos
El temor a la crueldad humana basta para dormir con cuchillo por almohada, basta, ya basta.
 
 
A fome é a minha única pátria
 
Cresci entre bestas, saía cada manhã vigilante, cautelosa com o aço da guerra caminhava entre as fileiras de casas de madeira esburacadas por balas
via as putas, já grisalhas, sentadas nas cadeiras de balanço, trançando a melena às suas netas
o ar poeirento sacudia os cadáveres debaixo das pontes, e à noite arruinava-me o toque de recolher...
outra paz não conheço
continuo a arranhar pedras ainda que esgotada
cansa a farsa, cansa a impotência, fico farta da ficção de amar a dívida de cada dia
Tenho vergonha de viver quando ouço o grito da diáspora: FOME
Enfurece-me a gargalhada do genocida, assusta-me o som das pérolas ao chocar
Farta dos rios de óleo que umedecem as avenidas
Padeço de sonhos pequeninos como um bocado de pão
Canso-me de andar sobre crânios vazios
De errar, de tentar remar contra a corrente, sem eficácia, canso-me
De apostar nas palavras transparentes morro
Não acredito já que faça ninho o rouxinol na árvore atravessada pelo raio
Só canto para mim, ainda quero caminhar entre nuvens ou perseguir os clarões dos pirilamos sob a paineira
Da memória da minha carne cresçam jasmins e faça-se festim para vermes
O temor à crueldade humana basta para dormir com uma faca por travesseiro, basta, já basta.