Mostrar mensagens com a etiqueta sara zapata. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta sara zapata. Mostrar todas as mensagens

29 novembro 2023

sara zapata

 
Elegía
 
Tu ropa cuelga del armario
como fruta de un árbol que nadie recoge
y alguien proponer darla
pero yo grito "¡No!",
porque imagínate que un día cualquiera
caminando por esta ciudad nuestra
veo de espaldas a una mujer como tú,
con tu falda morada,
la que compramos en aquel bazar de Estambul
haciendo juego con tu camiseta preferida,
la del árbol cuyas raíces eran unos versos de Neruda.
 
Imagínate correr hacia ella,
tocar su hombro
y ver que no, que no eres tú.
Imagínate las lágrimas, los hipos,
todo el dolor del mundo
concentrado en un segundo de confusión.
 
Así que tu ropa se queda aquí,
por si algún día te da por vestirte con ella
y venir a visitarme,
ahora que mi vida y tu armario
se han quedado huérfanos.
 

 
 
 
Elegia
 
A tua roupa pendura-se no armário
como fruta de uma árvore que ninguém apanha
e alguém propõe que se dê
mas eu grito "Não!",
porque imagina que um dia qualquer
caminhando por esta cidade nossa
vejo de costas uma mulher como tu,
com a tua saia roxa,
a que compramos naquele bazar de Istambul
combinando com a tua camisola favorita,
a da árvore cujas raízes eram uns versos de Neruda.
 
Imagina correr para ela,
tocar o seu ombro
e ver que não, que não és tu.
Imagina as lágrimas, os soluços,
toda a dor do mundo
concentrado num segundo de confusão.
 
Assim a tua roupa fica aqui,
para o caso de um dia te apetecer vestires-te com ela
e vir visitar-me,
agora que a minha vida e o teu armário
ficaram órfãos.