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20 agosto 2023

cristina rivera garza

 

Música de fondo
 
A veces se quitaban la piel y la colgaban
de los tendederos. Eso sucedía las mañanas
en que amanecían exhaustas, las mañanas
en que estaban a punto de decir no-aguanto-más.
 
Y la piel ondeaba de cara a la luz más preciada.
Y la piel se mecía en los brazos del viento, que son
los Brazos de Nadie, como si no existiera en realidad
ninguna razón para morir.
 
Olorosa a tacto y a pólvora y a flores de plástico
y también a limón, la piel mostraba sus cicatrices
con esa indiferencia que frecuentemente se confunde
con el orgullo.
 
Era un cuadro de aspiración bucólica y de belleza naíf.
 
Si no hubiera sabido que eran sus pieles,
sus pieles en esas mañanas en que estaban muy cerca
de sumergirse, habría podido pensar que se trataba
de un spot televisivo al que solo le faltaba la música
de violines y hachas.
 
 
 
Música de fundo
 
Às vezes tiravam a pele e penduravam-na
nos varais. Isso acontecia nas manhãs
em que amanheciam exaustas, as manhãs
em que estavam prestes a dizer não-aguento-mais.
 
E a pele tremia frente à luz mais preciosa.
E a pele balançava nos braços do vento, que são
os Braços de Ninguém, como se não existisse na realidade
nenhuma razão para morrer.
 
Cheirando a tato e pólvora e flores de plástico
e também a limão, a pele mostrava as suas cicatrizes
com essa indiferença que frequentemente se confunde
com o orgulho.
 
Era um quadro de aspiração bucólica e de beleza naïf.
 
Se não tivesse sabido que eram as suas peles,
As suas peles naquelas manhãs em que estavam muito perto
de submergir, poderia ter pensado que se tratava
de um spot televisivo a que só faltava a música
de violinos e machados.