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24 outubro 2021

sabrina benaim

 

Explaining my depression to my mother: a conversation


Mom, my depression is a shapeshifter

One day it's as small as a firefly in the palm of a bear

The next it's the bear

On those days I play dead until the bear leaves me alone

I call the bad days "the Dark Days"

Mom says, "try lighting candles"

But when I see a candle, I see the flesh of a church

The flicker of a flame

Sparks of a memory younger than noon

I am standing beside her open casket

It is the moment I learn every person I ever come to know will someday die

Besides Mom, I'm not afraid of the dark, perhaps that's part of the problem

Mom says, "I thought the problem was that you can't get out of bed"

I can't, anxiety holds me a hostage inside of my house, inside of my head

Mom says, "Where did anxiety come from?"

Anxiety is the cousin visiting from out of town that depression felt obligated to invite to the party

Mom, I am the party, only I am a party I don't want to be at

Mom says, "Why don't you try going to actual parties, see your friends"

Sure I make plans, I make plans but I don't want to go

I make plans because I know I should want to go; I know sometimes I would have wanted to go

It's just not that fun having fun when you don't want to have fun, Mom

You see, Mom, each night Insomnia sweeps me up in his arms, dips me in the kitchen in the small glow of the stove-light

Insomnia has this romantic way of making the moon feel like perfect company

Mom says, "Try counting sheep"

But my mind can only count reasons to stay awake

So I go for walks, but my stuttering kneecaps clank like silver spoons held in strong arms with loose wrists

They ring in my ears like clumsy church bells, reminding me I am sleepwalking on an ocean of happiness that I cannot baptize myself in

Mom says, "Happy is a decision"

But my happy is as hollow as a pin pricked egg

My happy is a high fever that will break

Mom says, I am so good at making something out of nothing and then flat out asks me if I am afraid of dying

No Mom I am afraid of living

Mom I am lonely

I think I learned that when Dad left how to turn the anger into lonely the lonely into busy

So when I say I've been super busy lately I mean I've been falling asleep watching SportsCenter on the couch

To avoid confronting the empty side of my bed

But my depression always drags me back to my bed

Until my bones are the forgotten fossils of a skeleton sunken city

My mouth a boneyard of teeth broken from biting down on themselves

The hollow auditorium of my chest swoons with echoes of a heartbeat

But I am just a careless tourist here


I will never truly know everywhere I have been

Mom still doesn't understand

Mom, can't you see

That neither can I



Explicando a minha depressão à minha mãe: Uma conversa


Mãe, a minha depressão é uma metamorfose.

Um dia é um pequeno pirilampo na palma de um urso,

No outro é o urso.

Nesses dias faço-me de morta até o urso me deixar em paz.

Chamo aos dias maus: "os Dias Escuros."

A minha mãe diz “ Tenta acender umas velas. “

Quando vejo uma vela, vejo a carne de uma igreja, a cintilação de uma chama,

Faíscas de uma memória mais jovem que o meio-dia.

Estou ao lado do seu caixão aberto.

É esse o momento em que aprendo que cada pessoa que conheço morrerá um dia.

Além disso, mãe, não me preocupo com a escuridão.

Talvez isso seja parte do problema.

A mãe diz, "Eu pensava que o problema era que não podias sair da cama."

Não posso.

A ansiedade mantém-me refém dentro da minha casa, dentro da minha cabeça.

A mãe diz, “Donde vem essa ansiedade?”

A ansiedade é o gajo que a depressão se sentiu obrigada a trazer para a festa.

Mãe, eu sou a festa.

Acontece que sou uma festa onde não quero estar.

A mãe diz, “Porque não tentas ir a festas a sério, estar com os teus amigos?”

Claro, faço planos. Faço planos mas não quero ir.

Faço planos por saber que devia querer ir. Às vezes sei que teria gostado de ir.

Não é muito divertido curtir, quando não queres curtir, mãe.

Já sabe, mãe, todas as noites a insónia me recolhe no seus braço, mete-me na cozinha ao pé da

fraca luz do fogão.

A insónia tem essa maneira romântica de fazer que a lua pareça a melhor companhia,

A mãe diz, “Tenta contar carneiros”

Mas a minha mente só pode contar razões para estar acordada;

Por isso, vou dar um passeio, mas as minhas rótulas gagas parecem colheres de prata, presas em braços fortes com pulsos abertos.

Soam nos meus ouvidos como escangalhados sinos de igreja a lembrar-me que sou uma sonâmbula num oceano de felicidade em que não posso ser batizada.

A mãe diz, "Ser feliz é uma escolha."

Mas a minha felicidade está tão vazia como um ovo espetado por um alfinete.

A minha felicidade é uma febre alta prestes a rachar.

A mãe diz que eu sou muito boa a fazer uma coisa de nada e, sem hesitar, pergunta-me se tenho medo de morrer.

Não.

Tenho medo de viver.

Estou sozinha.

Acho que aprendi, quando o pai se foi, como fazer da raiva solidão

A estar sozinha estando ocupada;

Então, se eu te disser, "Tenho estado super ocupada ultimamente," quero dizer que fiquei a

dormir a ver o Sports Center no sofá

Para evitar enfrentar o lado vazio da minha cama.

Mas minha depressão sempre me arrasta de volta para a minha cama

Até que os meus ossos são os fósseis esquecidos de uma cidade esqueleto afundada,

A minha boca um campo de ossos de dentes partidos por a si mesmos se morderem.

O vazio auditório do meu peito desvanece-se com os ecos de um pulsar do meu coração,

Mas eu sou uma turista despreocupada aqui.

Nunca conhecerei realmente todos os lugares onde estive.

A mãe ainda não percebeu.

Mãe! Não vês que eu também não?