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23 julho 2023

giovanna cristina vivinetto

 
Quando nacqui mia madre
mi fece un dono antichissimo,
il dono dell’indovino Tiresia:
mutare sesso una volta nella vita.
 
Già dal primo vagito comprese
che il mio crescere sarebbe stato
un ribelle scollarsi dalla carne,
una lotta fratricida tra spirito
e pelle. Un annichilimento.
 
Così mi diede i suoi vestiti,
le sue scarpe, i suoi rossetti;
mi disse: «Prendi, figlio mio,
diventa ciò che sei
se ciò che sei non hai potuto essere».
 
Divenni indovina, un’altra Tiresia.
Praticai l’arte della veggenza,
mi feci maga, strega, donna
e mi arresi al bisbiglio del corpo
– cedetti alla sua femminea seduzione.
 
Fu allora che mia madre
si perpetuò in me, mi rese
figlia cadetta del mio tempo,
in cui si può vivere bene a patto
che si vaghi in tondo, ciechi
– che si celi, proprio come Tiresia,
un mistero che non si può dire.
 
 
 
Quando nasci, a minha mãe
deu-me um presente antiquíssimo,
o dom de Tirésias, o adivinho:
mudar de sexo uma vez na vida.
 
Desde o meu primeiro desmaio compreendeu
que para mim crescer seria
um desprendimento rebelde da carne,
uma luta fratricida entre espírito
e pele. Um aniquilamento.
 
Assim, entregou-me a sua roupa,
os seus sapatos, os seus batons;
e disse: “Toma, meu filho,
converte-te no que és
se não conseguiste ser o que és».
Transformei-me em vidente, em outra Tirésias.
Pratiquei a arte da clarividência,
tornei-me feiticeira, bruxa, mulher
e rendi-me diante do murmúrio do corpo:
cedi à sua sedução feminina.
 
Foi então que a minha mãe
se perpetuou em mim, fez-me
filha formada do meu tempo,
onde se pode ir vivendo sempre
que se vagueie em círculos, cego,
se se esconder, como Tirésias,
um mistério que não se pode dizer.