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27 dezembro 2019

kris vallejo


Hotel de terciopelo

Oigo los vestidos tibios que tintinean al tocarse
asidos al peso de un pulmón

El alegre paso de las llaves por la lengua de mi alfombra
un laberinto en las manos del vértigo

Me pagan por abrir ventanas en paisajes sumergidos
y enterrar cadáveres que amenazan con volver

En el ático escondo tormentas
y la palabra gastada de hombres crueles

Aquí se paga con profecías
todo permanece en la humedad de mis cerrojos

¡Fíjate cómo sangra esta noche sin orillas!
¿acaso no sientes pena por mi respiración?
¿por mis orígenes de cantera y mineral?

A mí me pagan por recordar
las sábanas mudas los huesos negros
la curva de un pecho en el espejo
y el final de tantos caminos

Toda mi vida se resume
en un cementerio de tigres sin memoria

Hotel de veludo

Ouço os vestidos tépidos que estalam ao toque
colados ao peso de um pulmão

O alegre passar das chaves pela língua do meu tapete
um labirinto nas mãos da vertigem

Pagam-me para abrir janelas em paisagens submersas
e enterrar cadáveres que ameaçam voltar

No sótão escondo tormentas
e a palavra gasta de homens cruéis

Aqui paga-se com profecias
tudo permanece na humidade do meu trinco

Vê como sangra esta noite sem margens!
Não tens pena do meu respirar?
Das minhas origens de pedreira e mineral?

A mim pagam-me para recordar
os lençóis mudos os ossos negros
a curva de um peito no espelho
e o final de tantos caminhos

Toda a minha vida se resume
a um cemitério de tigres sem memória