Mostrar mensagens com a etiqueta camila obando sánchez. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta camila obando sánchez. Mostrar todas as mensagens

18 maio 2022

camila obando sánchez

 

La mujer kafkiana


Enclaustrada en la dualidad biológica,

la mujer kafkiana se gesta en una habitación rosa,

los colores forman parte de nuestro lenguaje comunicativo:

el rosa como simbólico de la amabilidad, suavidad e inocencia.


La mujer kafkiana privada de pantalones,

encarna inaccesibilidad al liderazgo y al poder.

Los bolsillos en la falda, minúsculos, casi inexistentes.

Sus bienes y recursos se esconden bajo el apellido de su marido.


Las manos de la mujer kafkiana hilan, lavan, friegan, reparan,

en ellas se posan el misticismo del devenir doméstico,

enclaustradas en lo reproductivo:

existo mientras lavo,

pienso mientras cocino,

observo en silencio como el mundo gira sin mí.


Su cuerpo descompuesto,

su mente disociada divaga en un mundo de cuatro paredes,

de una cama para dos, entre sábanas blancas y limpias,

que se tiñen de vez en cuando,

que se ensucian por lo humano, por la insatisfacción.


El cuerpo femenino kafkiano no conoce de caricias ni besos suaves,

es cuerpo máquina,

cuerpo fábrica.

Gesta,

gesta,

gesta.

Nutre,

alimenta

del amor que nunca aprendió a recibir.


El cuerpo femenino kafkiano es animal antes que humano,

su cuerpo no es sujeto, no es homo economicus.

su tiempo no se monetiza,

si no produces, no existes.


Su cuerpo femenino metamorfosea,

se esconde,

su ser monstruoso se rebela,

se levanta,

huye de casa,

deja los platos en el lavabo,

el piso sucio,

corre, no se extingue, retoma su realidad: una en la que sí nos nombre.



A mulher kafkiana


Enclausurada na dualidade biológica,

a mulher kafkiana gesta-se num quarto rosa,

as cores fazem parte da nossa linguagem comunicativa:

o rosa como um símbolo da amabilidade, suavidade e inocência.


A mulher kafkiana privada de calças,

encarna a inacessibilidade à liderança e ao poder.

Os bolsos na saia, minúsculos, quase inexistentes.

Os seus bens e recursos estão escondidos no nome do seu marido.


As mãos da mulher kafkiana fiam, lavam, esfregam, reparam,

nelas pousa o misticismo do devir doméstico,

encravadas quanto à reprodução:

existo enquanto lavo,

penso enquanto cozinho,

observo em silêncio como o mundo gira sem mim.


Seu corpo em descomposto,

sua mente dissociada divaga num mundo de quatro paredes,

de uma cama para dois, entre lençóis brancos e limpos,

que se tingem de vez em quando,

que se sujam de humano, de insatisfação.


O corpo feminino kafkiano não conhece carícias nem beijos suaves,

é corpo máquina,

corpo fábrica.

Gesta,

gesta,

gesta.

Nutre,

alimenta

com o amor que nunca aprendeu a receber.


O corpo feminino kafkiano é animal antes que humano,

o seu corpo não é sujeito, não é homo economicus.

o seu tempo não é monetarizado,

se não produzires, não existes.


Seu corpo feminino metamorfoseia,

esconde-se,

seu ser monstruoso rebela-se,

levanta-se,

foge de casa,

deixa os pratos na pia,

o chão sujo,

corre, não se extingue, retoma a sua realidade: uma em que sejamos nomeadas.