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hace mucho que no
hago nada, mamá
ningún
movimiento muscular
o espásmico
soy un cúmulo de
resistencia
rumiando un
relámpago que no llega
esperándolo
para poder escribir
y rotar sobre mi
propio eje genético
un segundo
después de tu muerte, abuela,
nuestros cuerpos
se van a tornar
en cristal
en plastilina
sumergida en agua
o en el rigor de
una espera
infectada por la
impaciencia
hace meses que no
hago nada, mamá
nada que te pueda
inflar el pecho de orgullo
me he limitado a
sacar la basura
en bolsas negras
a masticar
carbohidratos
a imaginar qué
haremos el día
en que el cuerpo de
mi abuela
se desintegre en luz
que
posteriormente se
posará
con todo su peso
sobre nuestras
narices
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há
muito que não faço nada,
mãe
nenhum
movimento muscular
o espasmódico
sou um cúmulo de
resistência
ruminando um
relâmpago que não deflagra
à sua espera
para conseguir
escrever
e girar sobre o
meu próprio eixo genético
um
segundo após a tua morte,
avó,
os nossos
corpos transformar-se-ão
em
vidro
em
plasticina imersa em água
ou no rigor de
uma espera
infetada
pela impaciência
há
meses que não faço nada, mãe
nada que te
possa inchar o peito
de orgulho
limitei-me a
meter o lixo
em sacos pretos
a mastigar
hidratos de carbono
imaginando o que
faremos no dia
em que o corpo da
minha avó
se desintegre em
luz que
posteriormente
pousará
com todo o seu
peso
em nosso redor
aromático