Mostrar mensagens com a etiqueta luz ascárate. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta luz ascárate. Mostrar todas as mensagens

26 agosto 2022

luz ascárate

 

Subitus


se separó

fue demasiado lejos en la soledad

y supo –tuvo que saber–

que de allí no se vuelve

se alejó –me alejé–

no por desprecio (claro es que

nuestro orgullo es infernal)

sino porque una es extranjera

una es de otra parte,

ellos se casan,

procrean,

veranean,

tienen horarios,

no se asustan por la tenebrosa

ambigüedad del lenguaje

Alejandra Pizarnik



¿Estabas preparada?”

Preguntó, como si el mundo entero

deviniera cinismo

en un instante,

por todas partes,

y sobre todo en su más secreto centro,

desde donde rendimos homenaje

al milagro, con el rito.

¿…preparada? como si la realidad fuera

el vidrio que no resistió al calor

cuando debió

porque escondía plástico;

o como si la realidad fuera, en fin,

una tela finísima

sobre el abismo

que jugaba a ser tierra firme.


Y preparada

ni ella, ni sus constantes problemas digestivos,

ni sus preocupaciones simuladas,

ni las reales

ni su terror a ser demasiado diferente

o demasiado parecida

a las reacciones humanas

espontáneas.


¿Lo estabas…?

Ni el polvo acumulado

de varias generaciones

que guarda

en casa cada ser que ella ama,

y que ha nacido muy próximo a la muerte

en lugares que, los que tienen voz,

no reconocen.

Ni preparadas

la enfermedad ni la desgracia.

Siempre estoy lista”.




Subitus


separou-se

foi demasiado longe na solidão

e soube - foi obrigada a saber -

que dali não se volta

afastou-se - afastei-me-

não por desprezo (claro que

o nosso orgulho é infernal)

mas porque estou estrangeira

estou de outra parte,

eles casam-se,

procriam,

veraneiam,

têm horários,

não se assustam com a tenebrosa

ambiguidade da linguagem

Alejandra Pizarnik



"Estavas preparada?"

Perguntou, como se o mundo inteiro

se tivesse tornado cinismo

num instante,

em todo o lado,

e sobretudo no seu mais secreto centro,

de onde prestamos homenagem

ao milagre, com o ritual.


... preparada? como se a realidade fosse

o vidro que não resistiu ao calor

quando devia

porque escondia plástico;

ou como se a realidade fosse, enfim,

uma tela finíssima

sobre o abismo

que brincava a ser terra firme.


E preparada

nem ela, nem os seus constantes problemas digestivos,

nem as suas preocupações simuladas,

nem as reais

nem o seu terror de ser muito diferente

ou demasiado parecida

às reacções humanas

espontâneas.


Estavas...?

Nem o pó acumulado

de várias gerações

que guarda

em casa cada ser que ela ama,

e que nasceu muito perto da morte

em lugares que, aqueles que têm voz,

não reconhecem.

Nem preparadas

a doença e a desgraça.

"Eu estou sempre pronta".