A Dead Thing That, in Dying, Feeds the Living
I’ve been thinking
about the anatomy
of the egg, about
the two interior membranes,
the yolk held in
place by the chalazae, gases
moving through the
semipermeable shell.
A curious phrase,
the anatomy of the egg,
as if an egg were a
body, which it is,
as if the egg could
be broken then mended,
which, depending on
your faith, broken yes,
but mended? Well.
Best to start
again, with a new
body, voided
from a warmer one,
brooded and turned.
Better to begin as
if some small-handed
animal hadn’t
knocked you against a rock,
licked clean the
rich yolk and left
the albumen to dry
in the sun — as if a hinged
jaw hadn’t
swallowed you whole.
What I wanted: a
practice that reassured
that what was
cracked could be mended
or, at least,
suspended so that it could not spread.
But now I wonder:
better to be the egg or scaled
mandible? The small
hand or the flies, bottle black
and green, spilling
their bile onto whatever’s left,
sweeping the
interior, drinking it clean?
I think, something
might have grown there, though
I know it was always
meant to be eaten,
it was always meant
to spoil.
Uma
coisa morta que, morrendo,
alimenta o vivo
Tenho
estado a pensar acerca da anatomia
do
ovo, acerca das duas membranas interiores,
a
gema sustida
no seu
lugar pela
chalaza, gases
movendo-se
através da casca
semipermeável.
Uma
frase curiosa, a
anatomia
do
ovo,
como
se um
ovo fosse
um corpo,
e é,
como
se o ovo pudesse
partir-se e depois reconstruir-se
o
que, dependendo da fé, partir-se sim
mas
reconstruir-se? Pois. É melhor começar
de
novo, com um corpo novo, esvaziado
de
um mais tíbio, incubado e convertido.
Melhor
começar como se algum animal
mesquinho,
não te tivesse batido contra uma pedra,
chupado
inteira a gema boa e deixado
a
clara para se secar ao sol, como se uma mandíbula
articulada
não te tivesse engolido inteiro.
O
que queria: uma prática que me confirmasse
que
o que se partiu se pode remediar
ou,
pelo menos, ficar suspenso para que não se espalhe
Porém,
agora pergunto-me: é melhor ser o ovo ou a mandíbula
escamosa?
A mão pequena ou as moscas, garrafa preta
e
verde, derramando a sua bílis no pouco que sobrou
varrendo
o interior, ingerindo
até o deixar
limpo?
Penso,
alguma coisa pode ter crescido ali,
embora
saiba
que sempre significou ser comido,
foi
sempre para ser ditado a perder.