14 abril 2022

rim battal

 

Rêve d’or


Maman Champagne

Maman déambule dans son jardin

Enveloppée de papier bulle

qu’elle fait éclater elle embaume

comme une amulette

ce parfum Champagne

son préféré et avant lui

Rêve d’or

parfum préféré de sa mère avant elle

(Les mères ont des mères aussi,

je n’ai jamais compris)


Maman aux cheveux teints en blond

arrache le fruit de l’arbre et dit :

« Ce sont des figues bio du jardin de tes parents

Prends »

Elle me tend ce fruit

Nourri à l’eau de vaisselle.

Il sentait le rêve d’or et le Pays Sûr.

J’ai fait « hum c’est bon » puis je me

cachai et crachai

Le jus amer de ma mère aux cheveux blonds obscurs.

Jamais je ne porterai de parfum.


De ses mains éternelles s’est étendu

Le pouvoir.

« Baise mes pieds » de ses lèvres qui durent

« Le paradis est en dessous »

Ils ont tous dit « Oui ».

Je ne vis qu’une vague gravure

empreinte de la cuisine, bout d’oignon

trace du tapis dans le salon.

Elle a dit : « Mohamed a pourtant dit… »

Ils ont tous dit « Oui »

Je dis « Vous êtes tous fous ». NON.

« Tu es folle. Tu es maudite »

Je haussai les épaules. Tant pis.

Fussent-ils ceux de ma mère,

jamais je ne baiserai des pieds.



Sonho de ouro


Mamã Champagne

A mamã deambula pelo jardim

Embrulhada em pástico de bolha

que faz explodir ela embalsama

como um amuleto

este perfume Champagne

seu favorito e antes dele

Sonho de ouro

o perfume favorito da sua mãe antes dela

(As mães também têm mães,

nunca percebi)


A mamã com o cabelo pintado de loiro

arranca o fruto da árvore e diz:

São figos orgânicos do jardim dos teus pais

Toma»

Ela dá-me este fruto

Alimentado pela água da louça suja.

Cheirava a sonhos de ouro e a País Seguro.

Eu fiz «hum é bom» e depois

escondi-me e cuspi

O sumo amargo da minha mãe de cabelo loiro escuro.

Nunca vou por perfume.


Das suas mãos eternas estendeu-se

O poder.

«Beija os meus pés» dos seus lábios duros

«O paraíso está em baixo»

Todos disseram «Sim».

Vi apenas uma vaga gravura

impressão da cozinha, pedaço de cebola

vestígios do tapete na sala.

Ela disse: «Mohamed, no entanto, disse... »

Todos disseram «Sim»

Digo: «Vocês estão todos malucos». NÃO.

«Estás louca. Estás amaldiçoada»

Encolhi os ombros. Que importa.

Fossem os da minha mãe,

Nunca beijarei pés.