j’écris pour nourrir mon ventre vide du passé
le regard tendre que je n’ai pas eu
pour apprendre à coudre
les trous dans mon manteau d’hiver
à me repenser autrement qu’aux bordures
pour revenir à l’heure du constat de la mort
dans la prison
aux barbelés
la mort des
corps que personne ne pleure
tu sais
la mort des corps qui ne coûtent pas cher
Escrevo
para alimentar o meu ventre vazio com o passado
o
olhar terno que nunca tive
para
aprender a costurar
os
buracos no meu casaco de inverno
a
repensar-me sem ser nas margens
para
voltar à hora da constatação da morte
na
prisão de arame farpado
a
morte dos corpos que ninguém chora
bem
sabes
a
morte dos corpos que não são caros