Dame la noche que no intercede,
la noche migratoria con cifras de
cigüeña,
con la grulla celeste y su alamar
guerrero,
palafrén de la ola oscuridad.
Dame tu parentesco con una sombra
de oro,
dame el mármol y su perfil
leve y ciervo,
como de estrofa antigua.
Dame mis manos degolladas por la
noche que no intercede,
palafrén de las más altas mareas,
mis manos degolladas entre los
altos cepos y las llamas lunares,
mis manos migratorias por el
cielo de agosto.
Dame mis manos degolladas por el
antiguo oficio de la infancia,
mis manos que sajaron el cuello
de la noche,
el destello del sueño con
metáforas verdes,
el vino blasonado que se quedó
dormido.
Amor de los incendios y de la
perfección,
amor entre la gracia y el crimen,
como medio cristal y media viña
blanca,
como vena furtiva de paloma:
sangre de ciervo antiguo que
perfume
las cerraduras de la muerte.
Dá-me a
noite que não intercede,
a noite
migratória com números de cegonha,
com a garça celeste
e seu alamar guerreiro,
palafrém da
onda escuridão.
Dá-me o teu
parentesco com uma sombra de ouro,
dá-me o
mármore e seu perfil
leve e
cervo,
como uma
estrofe antiga.
Me dê minhas
mãos degoladas pela noite que não intercede,
palafrém das
mais altas marés,
minhas mãos
degoladas entre os altos cepos e as chamas lunares,
minhas mãos
migratórias pelo céu de agosto.
Dá-me as
minhas mãos degoladas pelo antigo ofício da infância,
minhas mãos
que lancetaram o pescoço da noite,
o lampejo do
sono com metáforas verdes,
o vinho
brasonado que ficou a dormir.
Amor dos
incêndios e da perfeição,
amor entre a
graça e o crime,
como meio
cristal e meia vinha branca,
como veia
furtiva de pombo:
sangue de
cervo antigo que perfume
as
fechaduras da morte.