05 abril 2018

sarah howe


Relativity

for Stephen Hawking


When we wake up brushed by panic in the dark
our pupils grope for the shape of things we know.

Photons loosed from slits like greyhounds at the track
reveal light’s doubleness in their cast shadows

that stripe a dimmed lab’s wall – particles no more –
and with a wave bid all certainties goodbye.

For what’s sure in a universe that dopplers
away like a siren’s midnight cry? They say

a flash seen from on and off a hurtling train
will explain why time dilates like a perfect

afternoon; predicts black holes where parallel lines
will meet, whose stark horizon even starlight,

bent in its tracks, can’t resist. If we can think
this far, might not our eyes adjust to the dark?

Relatividade

para Stephen Hawking

Ao acordar, pulsionados pelo pânico, na escuridão
as nossas pupilas aferram-se à forma das coisas conhecidas.

Os fotões soltos das suas fendas como perdigueiros olfativos
revelam a dupla natureza da luz em suas sombras contidas

que enchem de riscos um laboratório sem luz, e já não são partículas,
antes ondulam para dizer adeus a todas as certezas.

Porque, o que será certeiro num universo que faz efeito doppler
como se fosse o grito de uma sereia à meia noite? Dir-se-ia

que uma luz vista de cima ou de baixo quando se move o comboio
explica certeiramente porque o tempo de dilata como uma tarde

Perfeita : prediz buracos negros onde se entrecruzarão as linhas
retas, cujos horizontes pesados nem sequer serão conhecidos

pela luz das estrelas. Se podemos chegar a tanta abstração,
poderão os nossos olhos alguma vez habituar-se à escuridão?