I
Alguien retrocede la cinta
y nos vuelve a doler el amor en el cuerpo
como un gran hematoma
Otra vez en la plaza
Somos los perros sin dueño
que observan palomas engordar de hastío
sobre el concreto y nunca sobre la rama
Puede que éste sea nuestro mayor conflicto
ser o no ser
o el somos o no somos de las cantinas
II
Corres hacia mí
yo escapo hacia atrás
Te miro con la sinceridad de los niños
o con la de borracha-necia
que sale del baño después de haber escrito
Amo tu cabello femenino
tus labios castaños
esta última cerveza
III
Me atrapas
arañas albinas son tus manos crispadas sobre mi espalda
Me envuelven como a un cadáver
V
A modo de adiós los ojos como espejos
Pactamos el fin del juego
contigo de cuclillas
y la cabeza entre las piernas
Te lanzas como un puño contra mi boca
y yo te quiebro las costillas
Sobre la plaza
mis dientes se asemejan a los granos de maíz
que comerán las palomas
hasta reventar
Praça da Democracia
I
Alguém retrocede a fita
e volta-nos a doer o amor no corpo
como um grande hematoma
Outra vez na praça
Somos os cães sem dono
que observam pombas a engordar
sobre o cimento e nunca sobre os ramos
Pode ser que este seja o nosso maior conflito
ser ou não ser
ou o somos ou não somos das cantinas
II
Corres para mim
eu escapo para trás
Olho-te com a sinceridade das crianças
ou com a embriagada néscia
que sai da banheira depois de ter escrito
Amo o teu cabelo feminino
os teus lábios castanhos
esta última cerveja
III
Pegas em mim
aranhas albinas são as tuas mãos crispadas sobre as minhas costas
Envolvem-me como a um cadáver
V
Como um adeus os olhos como espelhos
Combinamos o fim do jogo
contigo de cócoras
e a cabeça entre as pernas
Lanças-te como um punho contra a minha boca
e eu parto-te as costelas
Sobre a praça
os meus dentes assemelham-se a grãos de milho
que comerão as pombas
até rebentar