Ma
mère ne cesse de me mettre au monde
j´existe
des milliers de fois
Ma
mère ne cesse de mourir
dans
mes entrailles
A minha mãe não
cessa de me pôr no mundo
existo milhares
de vezes
A minha mãe não
cessa de morrer
nas minhas
entranhas
*
Abattez
mes branches
sciez-moi
en morceaux
les
oiseaux continuent à chanter
dans
mes racines
Des
pierres lancées
contre
moi
j’ai
construit les murs
de
ma maison
Abatam-me os
galhos
cortem-me em
pedaços
as aves
continuam a cantar
nas minhas
raízes
Com as pedras
lançadas
contra mim
construi os
muros
da minha casa
***
Face
à la mort
mon
père évoque son passé -
son
cœur s’ouvre
telle
une vieille armoire
qui
craque
Soudainement
nous
suffoquons
sous
une couche
de
poussière épaisse
Diante da morte
o meu pai evoca
o seu passado -
o seu coração
abre-se
como um velho
armário
que estala
Repentinamente
sufocamos
sob uma capa
de pó espesso