Acá los dioses están llenos de cosas
I
Aunque los caminos se bifurquen
y no dejen de subir hasta donde escasea el aire,
acá, donde todo es distancia y altura,
las montañas están llenas de colores y de dioses,
y los dioses, llenos de cosas.
Habitan en túmulos de piedras,
en las vueltas de los caminos
mecidos por el viento
allí donde los arrojan, se los encuentra
y hay un nudo de cintas de colores como seña.
Por aqui os deuses estão cheios de coisas
I
Mesmo em bifurque dos ires
que não desistem de subir até não haver ar
aqui, onde tudo é distância e altura,
estão as montanhas fartas de cores e deuses,
e os deuses fartos de coisas.
Residem em túmulos de pedras,
nas vírgulas dos andares
abananados pelo vento
aí onde estão atirados é que os encontramos
há um nó de confetis coloridos em password
28 março 2017
20 março 2017
susan urich
Mis palabras dejarán de hablarme algún día.
Será gradual, como la rotación o el envejecimiento -aunque envejezca de martillazo ante la idea de quedarme muda-. Mis poemas se acortarán y en consecuencia me crecerá una sordera permeable: nada sin poesía será escuchado.
Merezco que mis palabras no tengan derecho a matarme de silencio súbito, así deba tolerar su desamor hasta arrugarme
Pero el silencio es la parte más exacta y filosa del sonido
El silencio será mi poema perfecto.
Um dia, as minhas palavras deixarão de me falar.
Será gradual, como a rotação ou o envelhecimento – mesmo que envelheça à martelada perante a ideia de me mudar. Os meus poemas tornar-se-ão diminutos e em consequência crescer-me-á uma surdez permeável: nada sem poesia será ouvido.
Mereço que as minhas palavras não tenham direito a matar-me de silêncio súbito, mesmo que tenha de tolerar o seu desamor até ficar com rugas.
Mas o silêncio é a parte mais exata e afiada do som
Será o silêncio o meu perfeito, poema
Será gradual, como la rotación o el envejecimiento -aunque envejezca de martillazo ante la idea de quedarme muda-. Mis poemas se acortarán y en consecuencia me crecerá una sordera permeable: nada sin poesía será escuchado.
Merezco que mis palabras no tengan derecho a matarme de silencio súbito, así deba tolerar su desamor hasta arrugarme
Pero el silencio es la parte más exacta y filosa del sonido
El silencio será mi poema perfecto.
Um dia, as minhas palavras deixarão de me falar.
Será gradual, como a rotação ou o envelhecimento – mesmo que envelheça à martelada perante a ideia de me mudar. Os meus poemas tornar-se-ão diminutos e em consequência crescer-me-á uma surdez permeável: nada sem poesia será ouvido.
Mereço que as minhas palavras não tenham direito a matar-me de silêncio súbito, mesmo que tenha de tolerar o seu desamor até ficar com rugas.
Mas o silêncio é a parte mais exata e afiada do som
Será o silêncio o meu perfeito, poema
14 março 2017
verónica aranda
XV
Una
mujer está asando batatas
con
los rescoldos de la lumbre.
Por
su pelo aceitado caen acordes de sitar.
Cada
pliegue del sari con que cubre su vientre
anuncia
la matriz, la reclusión.
Se
puede confundir el tintineo de ajorcas
con
el de la llovizna.
Canta
y en cada nota la quietud
converge
en la tahona que olía a albaricoques.
Canta
y fragmenta vértice o frontera.
La
noche es una herida de colmillos de mono
que
empieza a supurar.
XV
Está
uma mulher a assar batatas
no
borralho do lume.
Pelo
seu cabelo oleado escorrem acordes de sitar.
Cada
prega do sari com que cobre o ventre
anuncia
a matriz, a reclusão.
Pode-se
confundir o tilintar de guizos
com
o do chuvisco.
Canta
e em cada nota a quietude
converge
na padaria que cheirava a damascos.
Canta
e fragmenta vértice ou fronteira.
A
noite é uma ferida de dentes de macaco
que
começa a supurar.
13 março 2017
sara a. palicio
MANIFIESTO
No reconozco la
indulgencia de los otros
ni comparto la
férrea voluntad del miedo
sobre las anchas
sombras que su sed proyecta.
Tiendo los brazos a
las infinitudes de la luz
y llamo patria a las
heridas de mi cuerpo.
MANIFESTO
Não
reconheço a indulgência dos outros
nem
partilho a férrea vontade do medo
sobre
as largas sombras que a sua sede projeta.
Estendo
os braços às infinitudes da luz
e
chamo pátria às feridas do meu corpo.
10 março 2017
anna gual
L’hivernar de l’ós
Em vaig enamorar
del cordó
umbilical.
Em donava els
requeriments,
me’ls oferia a la
boca.
Ara visc en l’enyor
perpetu
de totes les vides
a què m’hauria
pogut amarrar
amb aquell conducte
de carn i visions.
La meva mare
encara no sap
de les pintures
rupestres
que li vaig dibuixar
a la paret uterina.
O hibernar do urso
Apaixonei-me
pelo
cordão umbilical
Dadivava-me
os requisitos
oferecia-mos
à boca.
Vivo
agora a imbuição perpétua
de
todas as vidas
a
que me teria podido amarrar
nesse
canal
de
carne e visões
A
minha mãe
ainda
não sabe
das
pinturas rupestres
que
lhe vou desenhar
na
parede uterina
06 março 2017
francisca pérez morales
Prólogo
o teoría de cuerdas
“Si
el Hombre es 5
Entonces
el Diablo es 6
Y
si el Diablo es 6
Entonces
Dios es 7”
Pixies
Las
tríadas se componen de tres grupos que tienen relación entre sí,
se complementan y sin la existencia de una, no es posible la
existencia de la otra. Son movimiento, e intercambio constante de
vibración, de rabia contra su coetáneo.
Se
necesitan tres puntos no alineados para determinar un plano, y son
tres los elementos base en diferentes aplicaciones (tres colores
primarios, tres planos metafísicos, tres potencias de la
inteligencia humana, tres estados de la materia). Para mantener el
equilibrio de la familia convencional, se usan tres elementos; padre
a la cabeza, madre e hijo como base del triángulo. Paralelo a esto,
la regla de tres es una regla que no se debe romper bajo ningún
ámbito, y debe repetirse cuantas veces sea posible, por lo que se
suma un grupo más; vida-muerte-resurrección.
La
finalidad es la descomposición de las triangulaciones desde dentro,
abriendo las grietas de los espacios oscuros, de la regla moral
familiar, de lo que se ve correcto socialmente. Las palabras se unen,
como el nido de un ave que funciona críptico entrelazado para dar
calor, crear incendios. Los circuitos son como el hielo, y poseen la
propiedad cortopunzante del vidrio roto. Un vidrio que cuando se une,
encaja a la perfección en alguna ventana, reemplazando ese umbral
parchado por el padre con cinta de embalaje.
Poner
atención a las señales, a los pájaros que hablan y que con sus
ojos negros reflejan el vacío o el espacio entre los cuerpos que no
está. El ave es quizás el posible gobernador de un mundo que se
reconstruye, tan bruscamente, que lo hace sin tomar en cuenta su
propia esencia extinta. Los ornitólogos lo saben, cada pájaro tiene
su propia historia construida como el eterno observador de estas
murallas. Con una mitad afuera, y otra encerrada en la Atmósfera.
La
primera cuerda viene desde la entraña, desde el fondo de la tierra,
y se expande hasta los faros, reflejándose hacia alguna mujer que se
mire y solloce porque la mujer suele hacerlo, y también conversa con
las escobas y mimetiza su cuerpo con las madejas de lana, siempre
pisando estrías, aunque sus piernas se llenen de unos ojos amarillos
de perro muero.
La
segunda cuerda forma un vitral que puede ser peligroso si no son bien
encajadas las piezas. Su dimensión, está repleta de falsas
verdades. Esto es resultado de que el padre toma control de todas las
acciones, desde respirar hasta el acto de escribir. Por esto, la
segunda de las cuerdas parece ser un gemido doloroso, que termina en
el parto o la reconstrucción de la casa, niños enfilados de tres en
tres.
La
tercera cuerda se manifiesta como la última respuesta vibratoria.
Visualizada como un niño que se embarra el rostro y detiene el
movimiento del plano.
La
tercera cuerda está escrita con el objetivo de matar al padre.
Prólogo ou teoria das cordas
“Se o Homem é 5
Então o Diabo é 6
E se o Diabo é 6
Então Deus é 7”
Pixies
As tríades compõem-se de três grupos que têm relação entre
si, complementam-se e sem a existência de uma, não é possível a
existência da outra. São movimento, e intercâmbio constante de
vibração, de raiva contra o seu coetâneo.
São precisos três pontos não alinhados para determinar um
plano, e são três os elementos base em diferentes aplicações
(três cores primárias, três planos metafísicos, três potências
da inteligência humana, três estados da matéria). Para manter o
equilíbrio da família convencional, usam-se três elementos; pai à
cabeça, mãe e filho como base do triângulo. Paralelamente a isto,
a regra de três é uma regra que não se deve romper em nenhum
âmbito, e deve repetir-se quantas vezes for possível, pelo que se
soma mais um grupo ; vida – morte -ressurreição.
A finalidade é a decomposição das triangulações desde dentro,
abrindo as gretas dos espaços escuros, da regra moral familiar, do
que se entende correto socialmente. As palavras unem-se, como o ninho
de uma ave que funciona críptico entrelaçado para dar calor, criar
incêndios. Os circuitos são como o gelo, e possuem a propriedade
cortante do vidro partido. Um vidro que quando se une, encaixa na
perfeição em qualquer janela, substituindo esse umbral mal amanhado
pelo pai com fita adesiva.
Prestar atenção aos sinais, aos pássaros que falam e que com os
seus olhos negros refletem o vazio ou o espaço entre os corpos que
não está. A ave é talvez o a possível governadora de um mundo que
se reconstrói, muito bruscamente, que o faz sem levar em conta a sua
própria essência extinta. Os ornitólogos sabem disso, cada pássaro
tem a sua própria historia construida como o eterno observador
destas muralhas. Com uma metade fora, e outra encerrada na Atmosfera.
A primeira corda vem da entranha, do fundo da terra, e expande-se
até aos faróis refletindo-se para qualquer mulher que se mire e
soluce porque a mulher costuma fazê-lo, e também conversa com as
escovas e mimetiza o seu corpo com as madeixas de lã, pisando
estrias embora as suas pernas se encham de certos olhos amarelos de
cão morto.
A segunda corta forma um vitral que pode ser religioso se as peças
não forem bem encaixadas. A sua dimensão está repleta de falsas
verdades. Isso resulta do pai ter o controlo de todas as ações,
desde respirar até ao ato de escrever. Por isso, a segunda das
cordas parece ser um gemido doloroso, que termina no parto ou na
reconstrução da casa, crianças alinhadas de três em três.
A terceira corda manifesta-se como a última resposta vibratória.
Visualizada como uma criança que se enlameia o rosto e detém o
movimento do plano.
A terceira corda está escrita com o objetivo de matar o pai.
03 março 2017
federica bologna
In cucina si piange
in silenzio,
si urla piano per
non far sbattere le padelle
che poi ti sente
dalla camera.
Si entra nel letto
solo a mattina presto
una volta
tranquille:
lo si impara da
bambine
che la mamma deve
dormire sul divano
per non svegliare
l’altra metà del letto.
Na
cozinha chora-se em silêncio
uiva-se
em suave para que não batam as sertãs
que
te ressoam no quarto.
Vamos
para a cama só pela manhã
no
chegamento da tranquilidade:
aprendemos
desde crianças
que
a mãe tem de dormir no sofá
para
não acordar a outra metade da cama.
27 fevereiro 2017
yanina audisio
Alguna vez te
rascaste donde no picaba
no supiste qué
hacer con los brazos
Encendida la luz y
prendida el agua
las ventanas
abiertas sobre los pantanos
La sombra en la
espalda como un río crecido
Hay que hacer algo
con el cuerpo
detrás están
quedando varios difuntos
Te tocó como si te
leyera dos veces
una lluvia pequeña
armando su charco
La boca cerrada
pájaro detenido
Podrías decirlo de
muchas maneras
siempre se está
solo dentro del cuerpo
no acabo de conocer
el olor de mi casa
Sin decirlo aún
algo se cae o se levanta
la correspondencia
del aire sobre el corcel desbocado
Inadecuación de la
lengua sobre las cosas
pájaro suelto
cerrada la boca.
Alguma
vez te coçaste fora das lascas
não
soubeste o que fazer com os braços
Acesa
a luz e presa a água
as
janelas abertas frente aos pântanos
A
sombra nas costas como um rio grosso
Há
que fazer qualquer coisa com o corpo
nele,
atrás, vivem vários defuntos
Entrou-te
como se te lesse duas vezes
uma
morrinha preparando o seu charco
A
boca fechada pássaro detido
Poderias
dizer tal de maneiras várias
estamos
sempre sós dentro do corpo
não
chego a conhecer o cheiro da minha casa
Sem
o pronunciar mesmo que alguma coisa caia ou se levante
a
correspondência do ar no corcel deslocalizado
Inadequação
da língua sobre as coisas
pássaro
solto fechada a boca.
23 fevereiro 2017
denisse buendía
Padre
De niña los cuervos
tenían alma
dormían en un
sembradío de ojos
incubando promesas
para los ciegos
pero llegaron tus
manos ásperas e inmensas
a asfixiarlo todo,
cada semilla, cada parpado
y los condenaste a
ir por la eternidad arrancando ojos para sembrarlos.
De niña los
columpios eran cohetes
la nostalgia se
abrazaba irremediablemente a los ojos de un cometa
Me enseñaste como
arañar silencios
Descubrí la medida
que habitaba entre el vacío y tus ojos
De niña aprendí a
borrar el abandono con manchas de migajón
A bailar desde la
amnesia
El olvido es vicio
de poetas
Aquello que no se
puede dejar de deletrear
De esperar como
quien espera la muerte
Esa diminuta franja
donde Caín abraza a Abel
y nada sucede
De niña un diamante
mágico que daba poder
Hubiera liberado a
mi cuerpo roto y diminuto del fuego
De ser devorada una
y otra vez
incluso ahora
después de muerto, sigues devorándome
Crecí en la estirpe
de los decapitados
Cuerpos
descorazonados que caen en sí mismos infinitamente
Hablando el idioma
del relámpago
Cauterizando
telegramas de consuelo
De niña las azoteas
del edificio tenían el peso de un aeroplano
eran del tamaño de
mis brazos,
el amor olía a
carne fresca en una alcantarilla.
Las flores que se
desprendían del árbol
perdían su
dimensión dentro de la casa
todo parecía un
truco de magia
donde los hilos
chillaban de tan fluorescentes
Y aun así, todos
aplaudían
De niña quedarnos a
solas era como entrar a una escuela vacía
Con el aroma
penetrante de la infancia
Tétrica como la
oscuridad que habitaba en el puño de tierra
que deje caer sobre
tu tumba.
Pai
Em
criança os corvos tinham alma
dormiam
numa plantação de olhos
incubando
promessas para os cegos
mas
chegaram as tuas mãos ásperas e imensas
asfixiando
tudo, cada semente, cada pálpebra
e
condenaste-os a ir pela eternidade arrancando olhos para os semear.
Em
criança os baloiços eram foguetes
a
nostalgia abraçava-se irremediavelmente aos olhos de um cometa
Ensinaste-me
como arranhar silêncios
Descobri
a medida que habitava entre o vazio e os teus olhos
Em
criança aprendi a apagar o abandono com manchas de barro
Bailando
a partir da amnésia
O
esquecimento é vício de poetas
Aquilo
que não se pode deixar de soletrar
De
esperar como quem espera a morte
Essa
diminuta faixa onde Caim abraça Abel
e
nada acontece.
Em
criança um diamante mágico que conferia poder
Teria
libertado o meu corpo estilhaçado e diminuto do fogo
De
ser devorada uma e outra vez
inclusivamente
agora depois de morto, continuas a devorar-me
Cresci
na estirpe dos decapitados
Corpos
descoroçoados que caem em si mesmos infinitamente
Falando
o idioma do relâmpago
Cauterizando
telegramas de consolo
Em
criança os telhados do edifício tinham o peso de um aeroplano
eram
do tamanho dos meus braços,
o
amor cheirava a carne fresca numa sarjeta.
As
flores que se desprendiam da árvore
perdiam
a sua dimensão dentro da casa
tudo
parecia um golpe de magia
onde
os fios gritavam de tão fluorescentes
E
mesmo assim, todos aplaudiam
Em
criança ficarmos sozinhas era como entrar numa escola vazia
Com
o aroma penetrante da infância
Tétrica
como a escuridão que habitava no punhado de terra
que
deixei cair sobre a tua campa.
19 fevereiro 2017
juliane angeles
Policiales
Mi cactus ha muerto
Mi escritorio ha
recuperado soberanía.
Mi taza de té ha
vuelto arrepentida a su antiguo lugar
pero las autoridades
cactáceas sospechan que tengo en la mira
comprar otro cactus
para asesinarlo.
Policiais
O
meu cacto morreu
A
minha escrivaninha recuperou a soberania
A
minha chávena de chá regressou arrependida ao seu antigo lugar
mas
as autoridades cactóides suspeitam que tenho a intenção
de
comprar outro cacto para o assassinar.
17 fevereiro 2017
daiana henderson
Roedor
El niño sacó la
dentadura postiza
y llenó de monedas
el vaso de agua, a
la orilla
de la mesa de luz de
su abuelo.
Estaban más doradas
que
ninguna, como
pulidas.
Miento. Yo no lo vi,
solamente me lo
contaron
y estoy segura de
que, además,
la anécdota es
mentira.
Pero dejen que me
quede
con la filmación
mental
de las monedas
expulsando
finos hilos de luz
que se atan a las
puntas del sol.
No me quiten eso.
Roedor
A
criança tirou a dentadura postiça
e
encheu de moedas
o
copo de água, na ponta
da
mesinha de cabeceira do seu avô.
Estavam
mais douradas que
as
outras, pareciam ter polimento.
Minto.
Não vi isso,
apenas
me disseram
e
estou certa que, além do mais,
o
conto é mentira.
Mas
deixem que fique
com
o filme mental
das
moedas expulsando
finos
fios de luz
que
se atam às pontas do sol.
Não
me tirem isso.
Subscrever:
Mensagens (Atom)