Sudor
Siempre he querido
ver cómo brota el sudor de tus poros
Me interesa menos su
recorrido sobre tu piel
Éste es
circunstancial
Aquello es de vida o
muerte
He observado con
detenimiento tus radiografías
Tus tomografías
Tus resonancias
He dado con la casi
imperceptible desviación de tu columna
He concluido que tus
órganos son pequeños
Durante días repetí
el gesto de medir el tamaño del hematoma
Observé el cambio
de color
Anoté el tiempo que
toma pasar del verde al morado
Del morado al negro
Del negro al color
de tu piel
Mirar hacia dentro
como si no fueses tú
Me parece bastante
ridículo
Tengo que
familiarizarme con tus venas
Con tus nervios
Con las capas
subcutáneas
He visto una y otra
vez en video tus pólipos
Los he contado
Los reconozco
Son mis hermanos
He imaginado la
intervención en tu útero
De aquello no quedan
registros
Por eso me vuelvo un
poco loca
Me desespero
Y en esas
circunstancias prefiero no tener nada al alcance de las manos
He mirado tantas
veces tu sangre
Conservé en el
carro por más de un año
El sombrero y el
chal que llevabas
El día del
accidente de caballo
Verlos me recordaba
que no soportaría tu muerte
Imagino el estado de
tu cerebro entonces
Camino del hospital
Te pedía que no te
durmieras
Conversaba contigo
para mantenerte despierta
Hacías preguntas
que me llenaban de terror
Preguntas simples
que me llenaban de terror
He revisado tus
medicinas
Memorizado sus
componentes
Sus efectos
secundarios
Te he visto
sonrojarte efecto de la alegría y de la vergüenza
He apoyado mi cabeza
en tu vientre
Reconozco todos los
lenguajes de tu cuerpo
Soy una vidente
Puedes preguntarme
cualquier cosa
Te responderé
presto
Porque soy la lama
que crece en los bordes de tus piernas
Suor
Sempre
quis ver como brota o suor dos teus poros
Interessa-me
menos o seu deslizar pela tua pele
Este
último é circunstancial
O
outro é de vida ou morte
Observei
com atenção as tuas radiografias
As
tua tomografias
As
tuas ressonâncias
Detetei
o quase impercetível desvio da tua coluna
Concluí
que os teus órgãos são pequenos
Durante
dias repeti o gesto de medir o tamanho do hematoma
Observei
a mudança de cor
Anotei
o tempo que leva passar do verde para o avermelhado
Do
avermelhado ao negro
Do
negro à cor da tua pele
Olhar
para dentro como se não fosses tu
Parece-me
bastante ridículo
Tenho
de me familiarizar com as tuas veias
Com
os teus nervos
Com
as camadas subcutâneas
Vi e
voltei a ver em vídeo os teus pólipos
Contei-os
Reconheço-os
São
meus irmãos
Imaginei
a intervenção no teu útero
Disso
não ficam registos
Por
isso me torno um pouco louca
Desespero
E
nessas circunstâncias
prefiro não ter
nada ao alcance
das mãos
Vi
muitas vezes o teu sangue
Mantive
no carro mais de um ano
O
guarda-sol e o xaile que trazias
No
dia do acidente com o cavalo.
Vê-los
fazia-me lembrar que não suportaria a tua morte
Imagino
o estado do teu cérebro então
A
caminho do hospital
Pedia-te
que não dormisses
Conversava
contigo para te manter acordada
Fazias
perguntas que me enchiam de pavor
Perguntas
simples que me enchiam de pavor
Revi
os teus medicamentos
Memorizei
os seus componentes
Os
seus efeitos secundários
Vi-te
corar efeito da alegria e da vergonha
Apoiei
a minha cabeça no teu ventre
Reconheço
todas as linguagens do teu corpo
Sou
uma vidente
Pode
perguntar-me qualquer coisa
Responder-te-ei
imediatamente
Porque
sou o barro que cresce nas margens das tuas pernas