23 março 2022

nikki giovanni

 

When I Die

 

when i die i hope no one who ever hurt me cries

and if they cry i hope their eyes fall out

and a million maggots that had made up their brains

crawl from the empty holes and devour the flesh

that covered the evil that passed itself off as a person

that i probably tried

to love

 

when i die i hope every worker in the national security

council

the interpol the fbi cia foundation for the development

of black women gets

an extra bonus and maybe takes one day off

and maybe even asks why they didn’t work as hard for us

as they did

them

but it always seems to be that way

 

please don’t let them read “nikki-roasa” maybe just let

some black woman who called herself my friend go around

and collect

each and every book and let some black man who said it was

negative of me to want him to be a man collect every picture

and poster and let them burn -throw acid on them- shit

on them as

they did me while i tried

to live

 

and as soon as i die i hope everyone who loved me learns

the meaning

of my death which is a simple lesson

don’t do what you do very well very well and enjoy it it

scares white folk

and makes black ones truly mad

 

but i do hope someone tells my son

his mother liked little old ladies with

their blue dresses and hats and gloves that sittin’

by the window

to watch the dawn come up is valid that smiling at an old

man

and petting a dog don’t detract from manhood

do

somebody please

tell him i knew all along that what would be

is what will be but i wanted to be a new person

and my rebirth was stifled not by the master

but the slave

 

and if ever i touched a life i hope that life knows

that i know that touching was and still is and will always

be the true

revolution

 

 

Quando morrer

 

quando morrer espero que ninguém que me tenha magoado chore

e se chorar espero que os seus olhos se desprendam

e um milhão de vermes que antes constituíam o seu cérebro

se arrastem dos buracos vazios e devorem a carne

que cobriu aquele demónio que se fazia passar por alguém

a quem eu provavelmente tentei

amar

 

quando morrer, espero que todos os trabalhadores do Conselho Nacional

de segurança

da Interpol do fbi da cia da fundação para o desenvolvimento

das mulheres negras obtenha

um bónus extra e talvez tire o dia de folga

e talvez até se pergunte porque não trabalharam tão arduamente por nós

como costumavam fazer

por eles

embora pareça que sempre foi assim

 

por favor não deixem que eles leiam a "nikki-roasa" talvez deixem apenas

que uma mulher negra que se fazia chamar minha amiga de vá por aqui e ali

e recolha

todos e cada um de meus livros e deixem que algum homem negro que disse que era

negativo de minha parte querer que ele fosse um homem recolha cada fotografia

e poster e os faça arder - que os atire para o ácido - que lhes cague

em cima como

em mim quando tentei

viver

e assim que morrer espero que todos aqueles que me amaram aprendam

o significado

da minha morte que é uma lição simples

não faças o que fazes muito bem e demasiado bem e aproveita isto

assusta as pessoas brancas

e irrita muito as pessoas negras

 

mas de facto espero que alguém diga ao meu filho

que a sua mãe gostava das velhas e pequenas senhoras com

os seus vestidos azuis e chapéus e luvas de sentar

junto à janela

para ver como se levanta o amanhecer, é válido sorrir a um homem

velho

e acariciar um cão não te afasta da virilidade

alguém

por favor

lhe diga que sempre soube que o que poderia ser

é o que será mas eu quis ser uma pessoa nova

e o meu renascimento foi sufocado não pelo mestre

mas pelo escravo

 

e se alguma vez toquei uma vida espero que essa vida saiba

que eu sei que tocar tem sido e é ainda e será sempre

a verdadeira

revolução