Our Sharpeville
I was playing
hopscotch on the slate
when miners reared
past in lorries,
their arms raised,
signals at a crossing,
their chanting foreign
and familiar,
like the call and
answer of rad gangs
across the veld,
building hot arteries
from the heart of the
Transvaal mine.
I ran to the gate to
watch them pass.
And it seemed like a
great caravan
moving across the
desert to an oasis
I remembered from my
Sunday School book:
olive trees, a deep
jade pool,
men resting in
clusters after a long journey,
the danger of the
mission still around them,
and night falling, its
silver stars just like the ones
you got for
remembering your Bible texts.
Then my grandmother
called from behind the front door,
her voice a stiff
broom over the steps:
“Come inside; they do
things to little girls.”
For it was noon, and
there was no jade pool.
Instead, a pool of
blood that already had a living name
and grew like a shadow
as the day lengthened.
The dead, buried in
voices that reached even my gate,
the chanting men on
the ambushed trucks,
these were not heroes
in my town
but maulers of
children,
doing things that had
to remain nameless.
And our Sharpeville
was this fearful thing
that might tempt us
across the wellswept streets.
If I had turned I would
have seen
brocade curtains drawn
tightly across sheer net ones,
known there were eyes
behind both,
heard the dogs pacing
in the locked yard next door.
But, walking
backwards, all I felt was shame,
at being a girl, at
having been found at the gate,
at having heard my
grandmother lie
and my fear her lie
might be true.
Walking backwards,
called back,
I returned to the closed rooms, home.
A nossa Sharpeville
Brincava
à macaca sobre o quadro
quando
os mineiros passaram em caminões, iam de pé,
os
seus braços levantados, sinais num cruzamento,
o
seu canto estrangeiro e familiar,
como
a chamada e resposta de gangues radicais
através
da savana, construindo artérias quentes
do
coração da mina Transvaal.
Corri
para a cancela para os ver passar.
E
parecia uma grande caravana
movendo-se
através do deserto para um oásis
que
recordava do meu livro da Escola Dominical:
oliveiras,
uma profunda piscina de jade,
homens
descansando em grupo após uma longa viagem,
o
perigo da missão ainda sobre eles pairando,
e
a noite caindo, as suas estrelas de prata precisamente como aquelas
que
conseguiste por te lembrares dos teus textos da Bíblia.
Então
a minha avó chamou-me detrás da porta principal,
a sua
voz era uma dura vassoura sobre os degraus:
"Cá
para dentro, eles fazem coisas às miúdas".
Era
meio-dia e não havia piscina de jade.
Em vez disso, uma piscina de sangue que já tinha um
nome vivo
e cresceu como uma sombra enquanto o dia se
estendia.
Os mortos, enterrados em vozes que chegavam à minha
porta,
os homens cantando nos caminões emboscados,
estes não eram heróis na minha cidade
mas embusteiros de crianças,
fazendo coisas que deviam permanecer sem nome.
E a nossa Sharpeville
era esta coisa temerosa
que nos poderia seduzir através das bem varridas
ruas.
Se
me tivesse virado teria visto
cortinas
de brocado corridas firmemente através de outras de rede,
sabia
que havia olhos atrás de ambas,
ouvidos
para os cães a passear no pátio fechado ao lado.
Mas,
andando para trás, tudo o que senti foi vergonha,
por
ser uma menina, por ter sido encontrada na cancela,
por
ouvir a minha avó mentir
e
o meu medo de que a sua mentira fosse verdadeira.
Andando
para trás, sendo chamada de volta,
Voltei
para os quartos fechados, para casa.