02 março 2022

diane wakoski

 

Small blood stain found after making love

 

Revelation come to everyone,

firefighters and old women burning toast.

You made love to the forest goddess whose hair wound in flaming

coils around her feet on the trail.

You wanted to take her with you, as the

image of the little curve of

blood on the sheet. But instead

you are sitting in a park next to a homeless sibyl wrapped

in newspapers, and feel empty,

as if the blood leaked out of your own body. But

where did it go?

She’s not going to change her life,

and why should she?

She can only see you clandestinely;

as it is as if she is some book in a foreign language

that a reader would give away

if they knew what the text said. She can only

remain on the shelf,

untranslated.

Perhaps only our secrets

explain our lives, and to reveal any secret

is to lose all possible meaning?

Perhaps this stain is all

that’s left

of a forest fire that rekindled Ponderosa

from a long buried-cone,

the crescent moon

she left behind shining

invisibly

on you every night?


 

Pequena mancha de sangue encontrada depois de fazer amor

 

A revelação chega a todos,

aos bombeiros e às velhinhas que queimam as torradas.

Fizeste amor com a deusa da floresta cujo cabelo se enrolava em espirais

de chamas em torno dos seus pés no trilho.

Quiseste levá-la contigo como

imagem do pequeno fio de

sangue no lençol. Mas em vez disso

estás sentado num parque ao pé de uma Sibila sem-abrigo envolta

em jornais, e tu  sentes-te vazio,

como se o sangue jorrasse do teu próprio corpo. Mas

para onde foi?

Ela não vai mudar a sua vida, porque o faria?

Só te pode ver às escondidas,

como se fosse um livro em língua estrangeira

que um leitor desvendaria,

se soubesse o que o texto diz. Por isso só pode

ficar na prateleira,

sem ser traduzido.

Talvez só os nossos segredos

expliquem as nossas vidas, e revelando um deles

perderemos todo o significado possível?

Talvez esta mancha seja tudo

o que resta

de um incêndio florestal: aquele pinheiro ponderosa

que renasceu de um ananás semi-enterrado,

a lua crescente

que ela deixou para trás

iluminando-te

invisivelmente todas as noites?