The Portable Home
Once, I went
with the wolf to the desert
to take back
honey from the bear
but in town my
two eyes counted
only for one.
At school
the only
colors allowed
were black,
brown, navy or grey.
To make a Muslim of me,
they hid me in
a chador.
No matter how
many holy verses
they made my
mouth express,
no prayers found their God.
I did not
capitulate;
with the heat
of my eyes
I incinerated
the gates of Hell!
When I was
seven, to console my
tears for the
forbidden colors,
my grandmother
told me
as we sat
under a fig tree,
the sky is the
same color
wherever you
are.
When I was
twenty-eight,
I auctioned my
kitchen garden
to fly to a
forest,
yearning to
burn.
under an azure sky.
I've found
solace
now, though I
stand naked,
stripped of
the dour colors
I wore when
the Persian sky
did not know
my name —
though raucous
sky is not kind to me,
not savvy to my skin.
Tehran was a
hoarfrost
on my lips,
Sydney
is a cockatoo
scream in
my stateless
mouth;
and the world
a
Tower of Babel.
I have tried
insanity,
I have taken
every pill,
even the moon,
I swallowed!
The ocean I
swim in is blue,
but not the
blue
of the Caspian.
I am the blue
desert,
a pomegranate
in bloom.
The broken
seeds are
fragments in my mouth.
I am a memoir in blood.
The ink of all
existence
is the color
of the sky
and exile is
horizon without end.
Salvation
beckons
like a lunar eclipse.
I have
travelled the clouds
to change the
sky’s mood,
but it stays
unmoved. I
want to
bring the moon to the ground.
Within me
I would
fashion a portable home;
wherever I go
I live nowhere.
Between the inhale
and exhale of
my expatriate breath,
I ask God to
lift his feet
so I can mop under my desk.
He was my
prison,
but I'm always
a woman
with a body in
the wilderness;
not a prisoner
in a tent.
A casa portátil
Uma vez, fui com o lobo ao deserto
para recuperar o mel do urso,
mas na cidade os meus dois olhos contavam
apenas para um.
Na escola,
as únicas cores permitidas
eram preto, castanho, azul-marinho ou cinza.
Esconderam-me num xador.
Não importa quantos versículos santos
obrigaram a minha boca a expressar,
nenhuma oração encontrou o seu Deus.
Eu não capitulei;
com o calor dos meus olhos
incinerei os portões do Inferno!
Quando tinha sete anos, para consolar as minhas
lágrimas pelas cores proibidas,
a minha avó disse-me
enquanto estávamos sentadas sob uma figueira,
o céu é da mesma cor
onde quer que estejas.
Quando tinha vinte e oito anos,
leiloei a minha horta
para voar para uma floresta,
desejando queimar.
sob um céu azul.
Encontrei consolo
agora, embora esteja nua,
despojada das cores austeras que
usava quando o céu persa
não sabia o meu nome -
embora o ruidoso céu não seja bom para mim,
não é sensato para a minha pele.
Teerão era uma geada
nos meus lábios, Sydney
é um grito de catatua na
minha boca apátrida;
e o mundo uma
Torre de Babel.
Já tentei a loucura,
tomei todas as pílulas,
até a lua, engoli!
O oceano em que nado é azul,
mas não o azul
do Cáspio.
Sou o deserto azul,
uma romã em flor.
As sementes quebradas são
fragmentos em minha boca.
Sou uma biografia em sangue.
A tinta de toda a existência
é a cor do céu
e o exílio é o horizonte sem fim.
A salvação acena
como um eclipse lunar.
Viajei pelas nuvens
para mudar o estando do céu,
mas ele permanece
impassível. Quero
trazer a lua para o chão.
Dentro de mim,
instalaria o design de uma casa portátil;
onde quer que vá,
não moro em nenhum lugar.
Entre a inspiração
e a expiração da minha respiração de expatriada,
peço a Deus que levante os pés
para eu poder esfregar debaixo da minha secretária.
Ele foi a minha prisão,
mas sou sempre uma mulher
com um corpo no deserto;
não uma prisioneira numa tenda.