19 dezembro 2021

denise desautels


Te dis je suis porte qui bée.

En accéléré d’un côté comme de l’autre

sans possibilité d’effacement – vide

nerfs et neurones banalisés.


Armure mécanique protection attelage

ne suffisent plus.

Te dis je suis monde et gouffre.


Et voici que s’avance – passé qui roule

une splendide avalanche de bouches

qu’on a aimées qu’on a perdues qu’on n’aime plus

encore un peu peut-être

qu’on se souvient avoir aimées

qu’on sent

qui nous tuent.


Treillis.

Des bouches le traversent




Digo-te que estou de saída.

Acelerando de um lado e do outro

sem possibilidade de supressão - vazio

nervos e neurónios banalizados.


Armadura mecânica proteção tração

já não são suficientes.

Digo-te sou o mundo e o abismo.


E aqui o avanço - passado que enrola

uma magnífica avalanche de bocas

que amámos, que perdemos, que já não amamos

ainda um pouco talvez

que nos lembramos de amar

que sentimos

que nos matam.


Rede.

As bocas atravessam-na