07 junho 2022

ágnes nemes nagy

 
Madár

Egy madár ül a vállamon,
Ki együtt született velem.
Már oly nagy, már olyan nehéz,
Hogy minden léptem gyötrelem.
Súly, súly, súly rajtam, bénaság,
Ellökném, rámakaszkodik,
Mint egy tölgyfa a gyökerét,
Vállamba vájja karmait.
Hallom, fülemnél ott dobog
irtózatos madár-szive.
Ha elröpülne egy napon,
Most már eldőlnék nélküle.


Pássaro

Está um pássaro em casa no meu ombro,
pássaro-gémeo, pássaro nascido comigo.
Cresceu muito, ficou muito pesado,
cada passo que enceto é uma tortura.
Peso morto, peso morto, peso morto em mim.
Desempoleirá-lo, pô-lo no chão – teima aguda,
as suas garras cravam-se no meu ombro
como raízes de um carvalho.
Em murmúrio junto ao meu ouvido: o som
do seu excruciante coração de pássaro arritmado.
Se me puser a levantar voo
cairei imediatamente por terra.