05 agosto 2020

valeria list


Los árboles nunca se sientan
de vez en cuando alguno se apoya en el de al lado.

Los árboles lloran una vez al año
y dejan su testimonio de hojas sueltas.

No tienen refranes
son un testigo longevo de la cultura humana.

Un día Buda se iluminó bajo uno de ellos
otro día un hombre atropelló el último parado en Teneré.

Todos los brazos de los árboles sirven para detener el cielo
que a veces se cae.

Son una lección de vida y de muerte pero sobre todo de temporalidad.

Los árboles dan a luz muy lejos de sí mismos.


As árvores nunca se sentam
de vez em quando alguma se apoia na do lado.

As árvores choram uma vez por ano
deixando testemunho nas folhas caídas.

Não têm provérbios
são um testemunho longínquo da cultura humana.

Uma vez Buda ficou iluminado debaixo de uma delas
outra vez um homem atropelou a última parada em Teneré.

Todos os braços servem para deter o céu
que às vezes cai.

São uma lição de vida e morte mas sobretudo de temporalidade.

As árvores dão à luz muito longe de si mesmas.


02 agosto 2020

melinna guerrero


2.
Los ahogados son bellos y azules
Christian Peña

Esta noche te cuento que los ahogados son bellos y azules,
y juntos aprendemos el nombre del poeta que escribió este verso.
Tú en cambio piensas en aquellos ahogados que provienen de las piscinas, de cualquier alberca,
las bañeras o la corriente de ciertos ríos.
Tú, por ejemplo, entiendes que el mar de los acuarios
no es menos mar que el Pacífico,
que fue allí donde supiste cuánto duele regresar a la ciudad después de ver una ola como esta
y saber que su altura no es menor a la de un edificio,
a la de un puente,
donde también los ahogados son bellos y azules;
el chico que salta a la seis de la mañana y la hora pico
porque su movimiento, te parece,
tiene algo de nado,
de agua
y de pez ciego.


2.
Os afogados são belos e azuis
Christian Peña

Esta noite conto-te que os afogados são belos e azuis
e juntos aprendemos o nome do poeta que escreveu este verso.
Em vez disso pensas naqueles afogados que provêm das piscinas, de qualquer alverca,
das banheiras ou da corrente de certos rios.
Tu por exemplo achas que o mar dos aquários
não é menos mar que o Pacífico,
que foi aí que soubeste o quanto dói regressar à cidade depois de ver uma onda como esta
e saber que a sua altura não é menor que a de um edifício,
que a de uma ponte,
onde também os afogados são belos e azuis:
o rapaz que salta às seis da manhã na hora de ponta
porque o seu movimento, parece-te,
tem algo de nadar,
de água
e de peixe cego.





30 julho 2020

maite martí vallejo


Es el anillo de Waldeyer

Johann Lukas Schönlein vive con sus padres. Su madre muere, se queda solo con su padre y, simbólicamente, forma una pareja con él. Una amiga se lo hace notar y es un shock.
Se va a un monasterio, se levanta para orinar a menudo, incapaz de vaciar por completo la vejiga, ve a un perro que tiene una erección, coge un palo y golpea al perro hasta matarlo.
¿Limpio, no limpio, cruel?
Las metáforas son un argumento para la guerra, pero nadie aspira a tanto.
¿Normal, no normal, lógico?
El título quiere decir que las afirmaciones de este poema deben ser tomadas sin sentido místico alguno. Todos besamos sus pies y sabemos lo que significa. El lenguaje de los sueños es un lenguaje estúpido, dado que está saliéndose del tema debe ser comprendido de manera indirecta.
¿A quién le importa, a quién no le importa, importa?
La importancia de una laguna no está en relación con su superficie, sino con su profundidad. Si no sabe en qué día vive, el día no llegará.
No es un mensaje de esperanza, es evidente que Schönlein no lo hizo.
¿Cuántos de los pacientes advirtieron que “una vez tuve un sueño” ha sido siempre la premisa?


É o anel de Waldeyer

Johann Lukas Schönlein vive com os seus pais. A sua mãe morre, fica sozinho com o pai e, simbolicamente, forma um casal com ele. Uma sua amiga refere este facto e dá-se um choque.
Vai para um convento, levanta-se muitas vezes para urinar, incapaz de esvaziar por completo a bexiga, vê um cão com ereção, pega num pau e bate no cão até o matar.
Limpo, não limpo, cruel?
As metáforas são um argumento para a guerra, mas ninguém aspira a tanto.
Normal, não normal, lógico?
O título quer dizer que as afirmações deste poema devem ser apreendidas sem nenhum sentido místico. Todos beijamos os seus pés e sabemos o que significa. A linguagem dos sonhos é uma linguagem estúpida já que saindo do assunto terá de se compreender de maneira indireta.
A quem lhe importa, a quem não lhe importa, importa?
A importância de uma lagoa não está na relação com a sua superfície mas sim com a sua profundidade. Se não sabe em que dia vive, o dia não chegará.
Não é uma mensagem de esperança, é evidente que Schönlein não o fez.
Quantos pacientes avisaram que “uma vez tive um sonho” foi sempre a premissa?


27 julho 2020

vanina colagiovanni


Lugares donde dormí

Una cama es solo una cama, me dijo.
También puede ser algo más.
Un tendal de sueños blandos, una colección
de elasticos para distintos puntos
del tallo vertebral, un pozo,
un nido donde empollar algo
que tal vez respire, un pantano,
un hilo filoso
que corta lo viejo de lo nuevo, una estepa
donde el viento diseñe remolinos en mi pelo
y con sus brazos, un lugar de buenos momentos, creo.
Una cama es su cama o la mía, no es nuestra, ya no.
Si cierro los ojos estamos ahí juntos
y rechina.
Si los abro duermo sola y el vacío
me atrae. Como las mandíbulas abiertas de los tiburones
saliendo del mar.


Lugares onde dormi

Disse-me uma cama não passa de uma cama.
Também pode ser algo mais.
Um monte de sonhos macios, uma coleção
de elásticos para diferentes pontos
do galho vertebral, um poço,
um ninho onde chocar algo
que talvez respire, um pântano
um fio afiado
que corta o velho do novo, uma estepe
onde o vento desenha remoinhos nos meus cabelos
e com seus braços, um lugar de bons momentos, acho.
Uma cama é a cama dele ou a minha, não a nossa, já não.
Se fecho os olhos estamos lá juntos
e chia.
Se os abro durmo sozinha e o vazio
atrai-me. Como as mandíbulas abertas dos tubarões
saindo do mar.


24 julho 2020

véronique tadjo


Vous les fouilleurs de poubelles
les infirmes
aux moignons crasseux
les borgnes
les hommes rampants
vous les maraudeurs
les gamins des taudis
je vous salue.


Vós investigadores do lixo
os debilitados
de cotos sebentos
zarolhos
homens rastejantes
vós os recicladores
rapazinhos do pardieiro
eu vos saúdo.

donika kelly


A Dead Thing That, in Dying, Feeds the Living

I’ve been thinking about the anatomy
of the egg, about the two interior membranes,

the yolk held in place by the chalazae, gases
moving through the semipermeable shell.

A curious phrase, the anatomy of the egg,
as if an egg were a body, which it is,

as if the egg could be broken then mended,
which, depending on your faith, broken yes,

but mended? Well. Best to start
again, with a new body, voided

from a warmer one, brooded and turned.
Better to begin as if some small-handed

animal hadn’t knocked you against a rock,
licked clean the rich yolk and left

the albumen to dry in the sun — as if a hinged
jaw hadn’t swallowed you whole.

What I wanted: a practice that reassured
that what was cracked could be mended

or, at least, suspended so that it could not spread.
But now I wonder: better to be the egg or scaled

mandible? The small hand or the flies, bottle black
and green, spilling their bile onto whatever’s left,

sweeping the interior, drinking it clean?
I think, something might have grown there, though

I know it was always meant to be eaten,
it was always meant to spoil.


Uma coisa morta que, morrendo, alimenta o vivo

Tenho estado a pensar acerca da anatomia
do ovo, acerca das duas membranas interiores,

a gema sustida no seu lugar pela chalaza, gases
movendo-se através da casca semipermeável.

Uma frase curiosa, a anatomia do ovo,
como se um ovo fosse um corpo, e é,

como se o ovo pudesse partir-se e depois reconstruir-se
o que, dependendo da fé, partir-se sim

mas reconstruir-se? Pois. É melhor começar
de novo, com um corpo novo, esvaziado

de um mais tíbio, incubado e convertido.
Melhor começar como se algum animal

mesquinho, não te tivesse batido contra uma pedra,
chupado inteira a gema boa e deixado

a clara para se secar ao sol, como se uma mandíbula
articulada não te tivesse engolido inteiro.

O que queria: uma prática que me confirmasse
que o que se partiu se pode remediar

ou, pelo menos, ficar suspenso para que não se espalhe
Porém, agora pergunto-me: é melhor ser o ovo ou a mandíbula

escamosa? A mão pequena ou as moscas, garrafa preta
e verde, derramando a sua bílis no pouco que sobrou

varrendo o interior, ingerindo até o deixar limpo?
Penso, alguma coisa pode ter crescido ali, embora

saiba que sempre significou ser comido,
foi sempre para ser ditado a perder.


21 julho 2020

daisy odey


Naming

I call the water over my head roof.
Now the river is home,
And drowning is an art of living.
A girl opens her mouth . . .
I walk tongue first into myself.

I call her love, and pretend she will stay.
I call my mother life, now she will live forever.
I call my father water.
I call myself wind.
Even as he leaves,
he remains the fluid part of me.


Pondo nome

Chamo a água sobre o telhado da minha cabeça
Agora o rio está em casa,
E o afogamento é uma arte de viver
Uma rapariga abre a sua boca…
Passeio a língua primeiro dentro de mim.

Chamo-lhe amor e pretendo que fique.
Chamo à minha mãe vida, agora viverá para sempre.
Chamo ao meu pai água.
Chamo a mim própria vento
Mesmo quando desaparece
continua a ser a parte fluída de mim.

18 julho 2020

ama asantewa diaka


Sepia

My parents love in sepia
a thing brewed from the slow decay of a new sprout,
seasoned and mature enough to have a feeling named after it;
teaching me that decay is not always synonymous to rot—
only a point on the growth curve.
Because this brown has seen tender and folded,
this brown has been foolish and free,
this brown has feigned sufficiency to make way for enough;
this brown with its share of pain and scars,
knows how to love the glow out of any sun.


Sépia

Os meus pais amam em sépia
algo fabricado a partir da decadência lenta de um novo rebento
experiente e maduro o suficiente para ter um sentimento nomeado no seu após;
ensinando-me que a decomposição nem sempre é sinónimo de coisa putrefacta -
apenas sendo um ponto na curva de crescimento.
Porque este castanho viu ternura e fracassos,
este castanho foi tonto e livre,
este castanho fingiu bastante para fazer caminho;
este castanho com o seu lado de dor e cicatrizes,
sabe como amar o brilho de qualquer sol.

15 julho 2020

paz busquet


El viaje al pueblo a caballo

Fuimos al pueblo a caballo, a buscar
la casa en la que te concibieron.
Dijiste: Desde ese banco mi abuelo ciego
miraba las vías del tren.

La casa estaba en ruinas.
Recorrimos los presuntos cuartos.
Sacamos fotos a los espacios ausentes:
una cama allá, una mesa acá
y la bañadera al fondo.

Resultó que fotografiamos la casa de al lado.
Da igual, son relatos.

Y todo empieza con un error.


Viagem à aldeia a cavalo

Fomos à aldeia a cavalo, à procura
da casa onde foste concebido.
Disseste: Neste banco o meu avô cego
olhava para as linhas do comboio.

A casa estava em ruínas
Percorremos os alegados quartos.
Tirámos fotos aos espaços ausentes:
uma cama ali, uma mesa aqui
e a banheira ao fundo.

Acontece que fotografámos a casa do lado
É o mesmo, são narrativas.

E tudo começa com um erro.

12 julho 2020

loreto sesma


Nana para niñas tristes

Adivina, adivinanza
¿Corazon no late y parece romperse?
Muerte.
Siente que no quiere seguir bailando
que lleva toda su vida luchando.
Se siente como el salmón
que se agota de nadar contracorriente.
Amar a veces conlleva eso
Un peso en los pies que te hace aplastar las margaritas
a las que algunas niñas arrancan pétalos
para saber si las quieren.
Parar de andar en mitad del desierto,
dejar de nadar en busca de una orilla.
Abandonar el juego y dejarle a ella ganar.

Adivina, adivinanza
¿La niña duerme o está muerta?
La pequeña del juego, mi pequeña
lleva los ojitos tristes
hasta cerrados parecen amargos.
Has perdido la última moneda que te quedaba
rascando ese premio y te ha vuelto ha salir ese
otra vez será.
Maldita moneda,
maldita y puta suerte
tírala,
no entiendes
por qué no creemos en la mala suerte de los saleros caídos
pero sí en los tréboles de cuatro hojas
o por qué no creemos en la lotería
pero seguimos pidiendo deseos a las estrellas fugaces.
La otra noche vi una
cerré los ojos
deseo
que te quedes.
Aquí dentro sigue estando oscuro
Abre la ventana, por favor.
No puedo despegar los párpados
No consigo despertar
No quiero abrir los ojos
El dolor es un hilo muy fino
que si lo extiendes,
corta
como el cristal de un vaso roto
y ya me da igual si medio lleno
o medio vacío.

Llevo toda mi vida esperando que ganen los buenos
pero quizás 
soy demasiado niña
para entender el cuento.
Solo sé que a veces
yo soy mi propio precipicio,
mi eterna caída
Libre.

No duermo,
no soy nadie,
no soy suficiente.
Duerme
mañana no será otro día si no has dormido suficiente.
Valiente, valiente, valiente
repítetelo hasta creerlo.

Créeme, miento
pero has de saberlo.
Que puedes, 
que puedes con todo.

Y como una nana,
repitiéndolo,
Me duermo.

Babá para meninas tristes

Adivinha, adivinhança
O coração não bate e parece partido?
Morte.
Sente que não quer continuar a dança
que leva toda a sua vida a lutar.
Sente-se como o salmão
exausto de nadar contra a corrente.
Amar às vezes implica isso
Um peso nos pés que te faz esmagar as margaridas
a quem algumas meninas arrancam pétalas
para saber se gostam delas.
Parar de andar no meio do deserto,
deixar de nadar à procura de uma margem.
Abandonar o jogo e deixá-la ganhar.

Adivinha, adivinhança
A menina dorme ou está morta?
A pequena do jogo, a minha pequena
tem os olhinhos tristes
até fechados parecem amargos.
Perdeste a última moeda que tinhas
raspando esse brinde e voltou a sair-te o
para a próxima.
Maldita moeda,
maldita e merdosa sorte
atira-a,
não percebes
porque não acreditamos na má sorte dos saleiros caídos
mas sim nos trevos de quatro folhas
ou porque não acreditamos na lotaria
mas continuamos a pedir desejos às estrelas fugazes.
Na outra noite vi uma
fechei os olhos
desejo
que fiques.
Aqui dentro continua a estar escuro
Abre a janela, por favor:
Não consigo descolar as pálpebras
Não consigo acordar
Não quero abrir os olhos
A dor é um fio muito fino
que se for esticado
corta
como o vidro de um copo quebrado
e não importa se meio cheio
ou meio vazio.

Levo a minha via toda esperando que ganhem os bons
mas talvez seja demasiado infantil
para compreender a narrativa
Apenas sei que às vezes
eu sou o meu próprio precipício
a minha eterna queda
Livre.

Não durmo
não sou ninguém,
não sou suficiente.
Dorme
Amanhã não será outro ia se não tiveres dormido o bastante.
Valente, valente, valente
repete até acreditares.

Acredita, minto
mas tens de saber.
Que consegues,
que consegues tudo.

E como uma babá,
repetindo
Adormeço


09 julho 2020

elizabeth reinosa aliaga


El sisal no sostiene la cabeza

Es la energía de los brazos quienes construyen
el círculo de muerte alrededor del cuello
antes el cuchillo entre los dientes
la caricia del metal jugando con la lengua
antes las manos desfibrando
las entrañas de la hoja
el brote como una leche tibia
al interior
deslinde que se teje con los dedos
el silencio y los dedos
la furia de un campo minado.
La longitud de una cuerda puede medirse
de la cabeza a la rama más alta del algodonero.
Todos desean amarrarse al árbol
permanecer conexos hasta la muda.


O sisal não segura a cabeça

É a energia dos braços que constrói
o círculo da morte à volta do pescoço
antes da faca entre os dentes
a carícia de metal brincando com a língua
antes que as mãos desfibrando
as entranhas da folha
o surto como leite morno
no interior
demarcação que se tece com os dedos
silêncio e dedos
a fúria de um campo minado.
O comprimento de uma corda pode ser medido
da cabeça ao galho mais alto do algodoeiro.
Todos se querem amarrar à árvore
estarem conectados até a mudança.

06 julho 2020

laura riding


The world and I

This is not exactly what I mean
Any more than the sun is the sun.
But how to mean more closely
If the sun shines but approximately?
What a world of awkwardness!
What hostile implements of sense!
Perhaps this is as close a meaning
As perhaps becomes such knowing.
Else I think the world and I
Must live together as strangers and die—
A sour love, each doubtful whether
Was ever a thing to love the other.
No, better for both to be nearly sure
Each of each—exactly where
Exactly I and exactly the world
Fail to meet by a moment, and a word.


O mundo e eu

Isto não é exatamente o que quero dizer
Nada mais do que o sol é sol.
Mas como dizer mais estreitamente
Se o sol brilha mas aproximadamente?
Que mundo de constrangimentos!
Que hostis implementos de sentido!
Talvez seja esse o significado mais próximo
Tal como talvez se forma tal conhecimento
Mais penso que o mundo e eu
Temos de viver juntos como estranhos e morrer –
Um amor amargo se
Alguma vez foi uma coisa para amar o outro
Não, melhor para ambos é estar quase certos
um do outro – exatamente onde
exatamente eu e exatamente o mundo
falham o encontro por um momento, e uma palavra.


03 julho 2020

mariana finochietto


Nunca fui tan hermosa
como a los cuarenta
cuando el mundo comenzó a apagarse
como si alguien hubiera dictado
el final de una fiesta.
Ah, qué precioso es el fin de las cosas,
todo el cuerpo extendido hacia el disfrute
de los últimos instantes.
Es
como el final del deseo,
ese momento en que no importa
si sos vos
o no sos,
sólo sucede estar allí,
en un cuerpo
habitando la cueva de la sangre,
el corazón
en un pulso feroz latiendo,
latiendo.

Un animal
irguiéndose en sus pies
es siempre majestuoso.


Nunca fui tão linda
como aos quarenta
quando o mundo se começou a apagar
como se alguém tivesse sentenciado
o fim de uma festa.
Ah, quão precioso é o fim das coisas
o corpo todo estendido para a fruição
dos últimos instantes.
É
como o fim do desejo
nessa altura não importa
se és tu
ou não,
a única coisa é estar ali,
num corpo
habitando a cova do sangue,
o coração
em impulso feroz, latindo,
latindo.

Um animal
erguendo-se nos seus pés
é sempre majestoso.