03 julho 2016

isabelle bonat-luciani


Le jour où il s’est marié, il a foutu la main au cul de ma mère, la sœur de son épouse. Deux pour le prix d’une, c’est ça qu’il a dû se dire. J’ai deux couilles j’ai deux femmes, sauf que ma mère avait onze ans.
Puis il s’est barré faire la guerre, la guerre d’Indochine.
Ça lui a fait les pieds.
Quand il est revenu il n’avait plus rien, ses couilles il les a perdues à la guerre, quand son commandant s’est dit j’ai deux couilles deux trous du cul.
Pas de chance pour Robert, c’est le meilleur trou du cul du monde.
Bien fait pour sa gueule.

Robert n’est pas mort à la guerre. Robert est revenu.
Il n’a plus emmerdé personne, même pas son épouse, il peut plus bander, Robert. Il peut plus bander et sa femme s’en branle.
Depuis il écrit des poèmes.
Des conneries à l’eau de rose.
Il s’invente.
Et à chaque réunion de famille, faut qu’on se tape l’artiste, pile entre le fromage et le dessert, il nous fout son nombril sur la table, il déclame le pépère, tout fier de lui qu’il est.
Quand il ouvre sa bouche entre le fromage et le dessert, ils en mettent du solennel la famille, et pas qu’un peu. On se les bouffe ses vers, ses vers dans un silence de mort, sauf qu’en attendant on peut rien bouffer, parce que Monsieur a connu la guerre.

Que ma mère ait connu sa bite tout le monde à l’air de s’en foutre.

A table personne ne se demande la fille de qui je suis.
La fille de rien ni de personne.
A table, on écoute Robert et ses poèmes.
A table plus que manger on ravale.

On ravale les samedis toujours les mêmes, les samedis pareils à toute une vie.
Les samedis c’est caddie.
La tante se maquille pour le supermarché, l’oncle sort ses gros billets.
Et tous les samedis on rit, on se marre de les voir sous les néons se faire trimballer par un caddie, le caddie du samedi toujours le même toujours cette putain d’vie.
A table on ravale.
On ravale la beigne qu’on s’est pris.
La faute à celle de rien ni de personne qui s’est pris sa bouffe avant même que le surgelé soit rangé dans le congèle.

Et ça c’est grave.

Le tonton celui qu’est pas mort à la guerre a fait péter la priorité des priorités, ranger de suite les surgelés
Sinon ça tourne
Sinon on va choper la mort.
La beigne est venue.
Deux baffes avant les surgelés.
Elle était colère parce qu’avec mes conneries on allait tout gâcher le mangé.
Et tous les samedis c’était pareil
Bouffes et surgelés ou surgelés et bouffes.

Et son poème à l’autre
Il en finit pas de pas finir.
A table on écoute
On sait pas la fille de qui je suis.
Fille de rien ni de personne
Mais j’ai pas de couilles, c’est déjà ça.

Un jour j’écrirai des poèmes
Des poèmes juste pour emmerder
Des poèmes parce qu’il en a rien à foutre
Des poèmes juste parce qu’il aime pas la poésie
Des poèmes qui riment à rien
Un jour j’écrirai des poèmes à la place du cœur
Des poèmes plus que lui
Des poèmes comme qui dirait
Des poèmes comme je respire
Des poèmes qui sentent bon le renouveau comme tous les bouchons de lessive du supermarché qu’il ouvre à chaque fois les uns après les autres et qu’il renifle pour se souvenir lequel est son préféré parce que d’une fois l’autre il fait qu’oublier

Et puis un jour ce sera moins grave
Un jour j’écrirai des poèmes parce que comme dans les carnets de feuilles à cigarettes, un jour tire l’autre
Un jour j’écrirai des poèmes parce qu’il y aura de l’amour qu’on saura faire.


No dia em que se casou, ele enterrou a mão no cu da minha mãe, a irmã sa sua esposa. Duas pelo preço de uma, disse ele para os seus botões. Tenho dois colhões, tenho duas fêmeas, embora a minha mãe tivesse onze anos.

Depois foi-se embora fazer a guerra, a guerra da Indochina.
Foi o que o fez aprender.
Quando regressou já não tinha nada, nem os colhões entretanto perdidos na guerra, quando o seu comandante disse tenho dois colhões, dois buracos do cu.
Robert sem nenhuma sorte, é o melhor buraco do cu do mundo.
Bem feito.

Robert não morreu na guerra, Robert voltou.
Ele deixou de chatear as pessoas, incluindo a sua esposa, perdeu o tesão, Robert. Perdeu o tesão e a sua mulher está-se a cagar.
Em seguida pôs-se a escrever poemas.
Cromices lamechas.
Ele inventa-se
E por cada reunião de família, é preciso bater o artista, bateria entre o queijo e a sobremesa, ele põe o seu umbigo na mesa, declama o seu vovô, todo orgulhoso dele está.

Quando abre a boca entre o queijo e a sobremesa, a família põe-se solene e não é pouco.
Comida de vermes os seus versos, num silêncio de morte, excepto que na espera nada podemos fazer porque o Senhor conheceu a guerra.

Que a minha mãe tenha conhecido a sua verga, isso as pessoas estão-se a cagar.

À mesa ninguém quer saber de quem sou filha.
A filha de nada e de ninguém.
À mesa ouvimos Robert e os seus poemas
À mesa, mais que comer, engolimos.

Engolimos os sábados sempre os mesmos, os sábados iguais a toda uma vida.
Os sábados carrinho de compras.
A tinta maquilha-se para o supermercado, o tio mostra as suas notas grossas.
E todos os sábados nos rimos, divertimo-nos a vê-los debaixo das luzes, solavancando-se nos carrinhos, os carrinhos de sábado sempre os mesmos, sempre esta puta de vida,

À mesa engolimos
Engolimos a bola de berlim que enfardamos
A culpa não está em nada nem em ninguém que começou a farra antes mesmo dos congelados fossem guardados no congelador.

E isto é muito grave.

O tio que não morreu na guerra estourou a prioridade das prioridades, arrumar em seguida os congelados.
Caso contrário vira-se o bico ao prego.
Caso contrário apanhamos a morte.

Veio a bola de berlim.
Dois estalos antes dos congelados.
Ela estava colérica porque as minhas cromices iam desperdiçar a comida.
E todos os sábados é o mesmo
Estalos e congelados ou congelados e estalos.

E o poema dele ao outro
Acaba por não ser acabado.
À mesa ouvimos
Não se sabe de quem sou filha.
Filha de nada nem de ninguém
Mas não tenho colhões, já é isso.

Um dia escreverei poemas
Poemas precisamente para incomodar
Poemas porque não há nada para foder
Poema precisamente porque ele não gosta de poesia
Poemas que não rimam com nada
Um dia escreverei poemas no lugar do coração
Poemas mais do que ele
Poemas como quem diz
Poemas como eu respiro
Poemas que cheirem o redivivo como todos os detergentes do supermercado que ele abre sempre uns atrás dos outros e que fareja para se lembrar qual é o seu preferido porque de uma vez para a outra, ele esquece.

E depois um dia isto será menos grave
Um dia escreverei poemas porque tal como nas máquinas de fazer cigarros, um dia tira o outro.
Um dia escreverei poemas porque haverá um amor que não saberemos fazer.