14 janeiro 2007

alejandra sofia gonzález celis

LA ENFERMEDAD DEL DOLOR


ESTÓMAGO I

A mi estómago lo cubren
todos los tipos de dolor

(el dolor es un tipo de piso)

Yo
los conozco
y sé
cuando alguien camina
sin zapatos
dentro de mi estómago.


LOS HABITANTES DE LAS CUEVAS DE CATÉTER

Nosotros
los niños enfermos
seguíamos jugando
en las esquinas de las salas comunes


unos amontonados en sillas de ruedas

otros sujetos a una cama donde descansaban
nuestras cabezas condenadas a cascos respiradores
de astronautas abandonados en atmósferas extrañas

o atornillados
a balanzas que mantenían nuestras columnas en su lugar

A la mayoría de nosotros le habían nacido alas de aviones
que obligaban a nuestros brazos
a ser amigos de sueros y calmantes

Cada vez que volvíamos de ser abiertos
seguíamos jugando
y entre mareos posteriores al sueño anestésico
nos contábamos del tiempo
anterior a la morfina
y a las cicatrices


de nuestras casas con sábanas dibujadas
de nuestro propio televisor
de las peleas con hermanos sanos y ausentes
que no dejarían entrar

No llorábamos por las heridas
ni por las enfermeras
ni por el constante perforar de pieles
no acostumbradas a ser cuevas de catéter

ni por la comida que ingeríamos sin molestar

o la continua carencia de padres

Llorábamos por las noches
por el niño nuevo de la cama de al lado que lloraba
que se iría en uno o dos días

que nos recordaba la obligación del llorar.




VACÍO DE PIERNAS

Al final
una termina
masturbándose
con un pedazo de espejo

se rompe
se sangra


A DOENÇA DA DOR


ESTÔMAGO I


O meu estômago está forrado
por todas as espécies de dor


(a dor é uma espécie de soalho)


Eu
conheço-as
sei
quando alguém caminha
sem sapatos
dentro do meu estômago




OS HABITANTES DAS CAVERNAS DO CATETER


Nós
as crianças doentes
continuávamos a brincar
nos cantos das salas comuns


umas amontoadas em cadeiras de rodas


outras sujeitas a uma cama onde descansavam
as nossas cabeças condenadas a capacetes respiradores
de astronautas abandonados em atmosferas estranhas.


ou aparafusadas
a balanças que lhes mantinham a coluna no lugar


À maioria de nós tinha nascido asas de avião
que obrigavam os nossos braços
a serem amigos de soros e calmantes


Sempre que voltávamos de sermos abertos
continuávamos a brincar
nos enjoos a seguir ao sono anestésico
conversávamos sobre o tempo
anterior à morfina
e às cicatrizes


as nossas casas com lençóis bordados
o nosso próprio televisor
as bulhas com irmãos saudáveis e ausentes
que não deixariam entrar


Não chorávamos por causa das feridas
nem por causa das enfermeiras
nem pelo constante perfurar da pele
não habituada a ser caverna de cateter


nem pela comida que ingeríamos sem protestar


ou pela contínua carência de pais


Chorávamos por causa das noites
por causa do novo menino da cama ao lado que chorava
que se iria em um ou dois dias


que nos recordava a obrigação do chorar.




VAZIO DE PERNAS


No fim
uma delas acaba
por se masturbar
com um pedaço de espelho


rasga-se
sangra