21 junho 2023

warsan shire

 
Extreme Girlhood
 
A loop, a girl born
to each family,
prelude to suffering.
 
Bless the baby girl,
caul of dissatisfaction,
patron saint of not
good enough.
 
Are you there, God?
It’s me, Warsan.
Maladaptive daydreaming,
obsessive, dissociative.
 
Born to a lullaby
lamenting melanin,
newborn ears checked
for the first signs of color.
 
At first I was afraid, I was petrified.
 
The child reads surahs each night
to veil her from ill
protecting body and home
from intruders.
 
She wakes with a fright,
someone cutting the rope,
something creeping
deep inside her.
 
Are you there, God?
It’s me, the ugly one.
 
Bless the Type 4 child,
scalp massaged with the milk
of cruelty, cranium cursed,
crushed between adult knees,
drenched in pink lotion.
 
Everything you did to me,
I remember.
 
Mama, I made it
out of your home
alive, raised by
the voices
in my head.
 
 
 
Extrema infância
 
Em roda, uma rapariga nasce
dentro de cada família
prelúdio do sofrer.
 
Abençoai a menina bebé,
âmnio de insatisfação,
santo padroeiro das não
suficiente boas.
 
Estás aí, Deus?
Sou eu, Warsan.
Inadaptada sonhadora acordada,
obsessiva, dissociativa
 
Nascida para uma canção de embalar
lamentando a melanina,
orelhas recém-nascidas verificadas
para os primeiros sinais de cor.
 
No início estava com medo, estava petrificada.
 
A criança lê suratas todas as noites
para a proteger de doenças
defendendo o corpo e a casa
de intrusos.
 
Ela acorda com um susto,
alguém a cortar a corda,
algo rastejante
bem dentro dela.
 
Estás aí, Deus?
Sou eu, a horrorosa.
 
Abençoe a criança tipo 4,
couro cabeludo massajado com o leite
da crueldade, crânio amaldiçoado,
esmagado entre joelhos adultos,
encharcado em pink lotion.
 
Tudo o que me fizeste
Eu lembro.
 
Mãe, fiz isso
fora da tua casa
viva, criada por
vozes
na minha cabeça.