EL CRÁTER DE HIPATIA
Canta Albert Pla que la luna se esconde
para cagar estrellas. Los cantautores cagan cualquier cosa.
La idea es vieja, vieja,
como la propia luna venerable:
la luna se pretende
uno más inter nos. Los poetas han puesto
a la luna y al cielo a hacer de todo:
rielar, acompañar, escuchar, tener novio.
Un sideral minuto de silencio
para ella. Por ella:
Hipatia tiene un cráter dedicado,
algún poro lunar, alguna estría
de ese mudo pegote de cal blanca
se llama como ella.
Hipatia, los humanos
no merecen la luna y su misterio
ni tus anhelos libres ni tu nombre.
A CRATERA DE HIPATIA
Canta Albert Pla que a lua se esconde
para cagar estrelas. Os cantautores cagam
qualquer coisa.
A ideia é velha, velha,
como a própria lua venerável:
A lua pretende-se
uma coisa mais inter nos. Os poetas puseram
a lua e o céu a fazer de tudo:
tremeluzir, acompanhar, escutar, ter noivo.
Um sideral minuto de silêncio
para ela. Por ela:
Hipatia tem uma cratera dedicada
algum poro lunar, alguma estria
desse mudo emplastro de cal branca
se chama como ela.
Hipatia, os humanos
não merecem a lua e o seu mistério
nem os teus desejos livre nem o teu nome.
ANIMALIA II
Son peces abisales,
ciegos en lo más hondo de sus cuerpos,
con una apasionada ceguera que los cubre
como si fuera piel.
Se desplazan fogosos por abismos y fosas,
hundidos y desnudos
de sus propias escamas,
organismos exhaustos e incoloros
sabiéndose materias a punto de extinguirse.
Hablo de los Deseos: de los supervivientes
de los deseos.
Para qué su esqueleto, sus aletas cortantes,
su gelatina blanca, su existir
sinuoso y submarino
y sus caparazones simulados.
Son especies distintas y enemigas
y cada cual agota
su ardiente repertorio, su letal emergencia
pues no se reproducen en ninguna
leve modalidad de cautiverio.
-Cuando suba en las redes goteantes
déjame, y que la luz
me disuelva y me borre.
ANIMALIA II
São peixes abissais,
cegos no mais fundo de seus corpos,
com uma apaixonada cegueira que os cobre
como se fosse pele.
Deslocam-se fogosos por abismos e fossas,
submersos e despidos
de suas próprias escamas,
organismos exaustos e incolores
sabendo-se matérias em via de extinção.
Falo dos Desejos: dos sobreviventes
dos desejos.
Para quê o seu esqueleto,as suas barbatanas cortantes,
a sua gelatina branca, o seu existir
sinuoso e submarino
e os seus carapazões simulados.
São espécies distintas e inimigas
e cada uma esgota
o seu ardente reportório, a sua letal emergência
pois não se reproduzem em nenhuma
leve modalidade de cativeiro.
-Quando subir nas redes gotejantes
deixa-me, e que a luz
me dissolva e me apague.
