27 novembro 2021

julia wong kcomt

 

Cielo Zambo

(París africano)


La rata azul es ciega

En su paseo nocturno ha calculado esta desgracia

Suma

El quipu hambriento anuda el limbo

Vino llegando trajinada de los sures olvidados

un cuerpo más, la miscelánea del topo

La multitud sedienta se incomoda

Un hueco en el tambor

Brilla el sudor

Lágrima prieta cae en la cabeza de un gendarme

El lánguido oropel se despelleja en balas

Embajadas, ritmos,

desazones,

cayeron los soldados y las sillas

la explosión inaudita del pentagrama

bataclán se acurrucó en la metonimia

habemus más dioses que grupos de rock

je sui un migrante más, soy el truco del pobre

un corolario

un texto para todos

un laberinto

no es así el horror, no es así la muerte

no es así la intensidad de la garganta atorada con claveles

es tan apático el motor de los pueblos saciados

pan

más pan vestido de glamour

los pallares

las vacas engordadas con clorofila sintética

este es el viaje de las estrellas quebradas

al corazón moro de la subasta

no, no mires para atrás no recojas las prendas

de tus hermanos suicidados

no enjuagues tus cabellos en brea y esmeraldas

este cielo es nuevo, pero está lleno de ratas

no es celeste no es sano no es materno

es un sonido caliente hiriendo

con sus brasas

cada caja registradora en los museos

es sangre que revive la flor acicalada con malicia

con perfume de café extraído al tacto

este cielo agreste de gravitación kármika

cae el mundo en mi mano y se rehace.




Céu Torto

(Paris africana)


O rato azul é cego

No seu passeio noturno calculou esta desgraça

Soma

O quipo faminto amarra o limbo

Veio chegando trazida dos suis esquecidos

um corpo mais , a miscelânea da toupeira

A multidão sedenta incomoda-se

Um buraco no tambor

Brilha o suor

Lágrima dura cai na cabeça de um gendarme

O lânguido ouropel descasca-se em balas

Embaixadas, ritmos,

desassossegos,

caíram os soldados e as cadeiras

a explosão inaudita do pentagrama

Bataclan se acumulou na metonímia

Habemus mais deuses que grupos de rock

je suis mais um migrante, sou o truque dos pobres

um corolário

um texto para todos

um labirinto

não é assim o horror, não é assim a morte

não é assim a intensidade da garganta engasgada com cravos

é tão apático o motor dos sítios saciados

pão

mais pão vestido em glamour

os feijões

vacas engordadas com clorofila sintética

esta é a viagem das estrelas quebradas

ao coração mouro do leilão

não, não olhes para trás não recolhas as roupas

dos teus irmãos suicidados

não enxagues os seus cabelos em breu e esmeraldas

este céu é novo, mas está cheio de ratos

não é celeste não é são não é materno

é um som quente ferindo

com suas brasas

cada caixa registadora nos museus

é sangue que revive a flor polido com malícia

com perfume de café extraído pelo tato

este céu agreste de gravitação cármica

Cai o mundo nas minhas mãos e se refaz.