10 julho 2018

jimena jurado


III

Carta abierta

Cuando no me veas más,
pero me sepas al otro lado del campo,
entrampada de flores sospechosamente vivas,
laberinto de amapolas,
no me llames,
no cruces por las sierpes que abrieron las veredas,
no atiendas al silencio del sol desposeído
ni a la disposición de su rayo señalando mi refugio,
no busques mi respuesta ni en la lluvia,
ni en las hojas hundiéndose
en lo profundo del monte,
no confundas tu eco con mi voz.
No me reinventes.

Olvídame.

Que tus gestos no dibujen mi rostro
y tus ojos no figuren mis gestos,
fantasmas de otrora;
que tu mente no entreteja,
con la sonrisa de un émulo,
retratos ni memorias.

Cuando no me veas más
acepta mis leyes, las tuyas,
pero si acaso no me escuchas,
tan sólo escríbete
hasta borrarme.

Entonces,
imitaré el paciente atisbo de la estatua,
aprenderé a dormir bajo las lilas.

Habré dejado de buscarte también yo.


III

Carta aberta

Quando não me vires mais
mas me souberes do outro lado do campo,
armadilhada de flores, suspeitosamente vivas,
labirinto de papoilas,
não chames por mim,
não atravesses as serpentes que abriram as veredas,
não atendas ao sol despossuído
nem à disposição do seu raio assinalando o meu refúgio
não procures a minha resposta nem na chuva
nem nas folhas que se fundem
nas profundezas do monte,
não confundas o eco com a minha voz.
Não me reinventes.

Esquece-me.

Que os teus gestos não desenhem o meu rosto
e os teus olhos não figurem os meus gestos,
fantasmas de outrora;
que a tua mente não entreteça,
com o sorriso de um emulo,
retratos nem memórias.

Quando não me vires mais
aceita as minhas leis, as tuas,
escreve-te apenas
até me apagares.

Então,
imitarei o paciente vislumbre da estátua
aprenderei a dormir sob os lilases.

Terei, também eu, deixado de te procurar.