19 fevereiro 2018

viviana paletta

el ropavejero

Tengo mi capa de trapos.
Mi fusil sin hombro.
El poncho mezquino del cielo
envuelve la luz,
esconde
una esquirla de plata.

El miedo flamea
con su casaca rotosa,
con su paso descalzo.

Camino sin agua y sin brújula.
No veo la rígida constelación sur.
Voy derechito a la emboscada
o al paludismo.

Oigo descargas lejanas, inconexas.
Es la interrumpida noticia que da el silencio.

Siento pozos de frío
en mi cuerpo.

o roupa usada

Tenho a minha capa de trapos.
O meu fuzil sem ombro
O poncho mesquinho do céu
envolve a luz,
esconde
um fragmento de prata.

O medo ondeia
com o seu casaco andrajoso
com o seu andar descalço.

Caminho sem água e sem bússola.
Não vejo a constelação sul
Vou direitinho à emboscada
ou ao paludismo.

Oiço descargas longínquas, desconexas.
É a interrompida notícia que dá o silêncio

Sinto poços de frio
no meu corpo.