20 junho 2016

gema palacios

Retrato de un chico que toca la guitarra y mira el mar

Quizá la sirena de un barco
o el destello febril de quien atraca en el puerto
con las luces todavía apagadas.

Porque conozco el miedo pero no lo había paladeado
lentamente,
ardor vuelve en la noche ardor, sueña un hombre:
sus ojos se abren para contener su derrota
-mi derrota-.

Camino esta playa que es mi propio cuerpo
y extiendo el dolor, tiro de la punta de mi lengua
para enhebrar un paisaje nuestro, solamente humano.

Deja que te cuente una historia inaudita:
a lo lejos un barco ha encendido sus luces.
Y no existe tal puerto,
no hay posible sirena.
Estoy preparado para hacer este viaje
ahora que ya no creía posible un ahora.


Retrato de um rapaz a tocar guitarra olhando o mar

Talvez a sereia de um barco
ou o clarão febril de quem atraca no porto
com as luzes ainda apagadas.

Porque conheço o medo mas não o tinha saboreado
lentamente,

ardor torna-se na noite ardor, sonha um homem:
os seus olhos abrem-se para conter a sua derrota
- a minha derrota -

Percorro esta praia que é o meu próprio corpo
e estendo a dor, puxo da ponta da língua
para enfiar uma paisagem nossa, apenas humana.

Deixa que te conte uma história inaudita:
ao longe um barco acendeu as luzes.
E não existe esse porto,
não há sereia possível.

Estou preparado para fazer esta viajem
agora que já não julgava possível um agora.